Ted Cruz e John Kasich fizeram um pacto para inviabilizar a nomeação de Donald Trump. Com três candidatos ainda nesta fase, o partido republicano tem pouco tempo para cortar o caminho ao líder. O sistema é complexo. As eleições são indirectas. Para que um candidato seja nomeado tem que juntar 1237 votos dos delegado. Trump, mesmo com todas as vitórias que acumula, tem muito que caminhar ainda para aí chegar.
Cruz e Kasich sāo ideologicamente inconciliáveis. O senador do Texas, o candidato mais conservador do partido, explicou o pacto da forma mais simples e pragmática possível: "O John Kasich e eu discordamos em muitas políticas, mas se Donald Trump é o nomeado, Hillary Clinton será eleita", afirmou.
Kasich, o Governador do Ohio, com um perfil mais moderado e centrista, tentou desdramatizar uma aliança complexa: "Estou apenas a reorientar recursos para locais onde penso ter bons resultados".
O pacto nāo é formal, nāo está nos boletins de voto e nāo é sequer plenamente assumido por parte de John Kasich. Questionado sobre a forma como vai operacionalizar a aliança respondeu, agastado, a Anderson Cooper, no AC360, da CNN: "Nāo estou a dizer aos meus eleitores que nāo votem em mim e votem no Ted Cruz, estou apenas a reorganizar recursos, nada mais, qual é que é a grande notícia".
Na verdade nenhum dos dois candidatos elucidou o eleitorado republicano sobre o modus operandi. Apenas manifestaram intençāo de nāo fazer campanha em Estados que, segundo as sondagens, nāo lhes sāo favoráveis. Ted Cruz nāo prevê ir ao Oregon nem ao Novo México. John Kasich abdica do Indiana. Mas que fazem os eleitores? Nāo votam ou votam no outro candidato? "Nāo sabemos muito bem como isto é", disse um eleitor de Kasich no Indiana a um repórter da CBS. "Não sabemos como actuar, isto ainda vai correr mal, há sentimentos confusos", afirmou à saida de uma pretendida sessāo de esclarecimento.
Donald Trump fala de concluio entre os adversários. "No mundo dos negócios quem faz isto vai para a cadeia", disse irritado num comício, também no Indiana. "Mas na política podem fazer. Dois políticos profissionais. Só mostra como os políticos sāo fracos e patéticos", acrescentou.
Parte do partido republicano teme que o efeito seja devastador. Em vez de travar Trump, Cruz e Kasich podem, de facto, dar-lhe mais força, revelando que é mais importante atingirem o poder e garantirem um lugar na corrida à Casa Branca do que cumprir o que defendem. Pouco parece valer o que prometerem e apregoaram até agora. Porque, entre os dois, nada alinha, nenhuma política que seja.
Foi o taticismo dos políticos que conduziu Trump ao lugar onde está. O partido republicano está desperado e, como se vê, tudo será feito para travar Trump. Os meios valem os fins? Pelos vistos.