Presos por arames

Em meu entender há duas notas importantes sobre a vitória do Benfica no jogo com o Borussia de Dortmund referente aos oitavos de final da Liga dos Campeões: por um lado os campeões nacionais estão em vantagem no intervalo da eliminatória e por outro tiveram uma sorte dos diabos para terem saído da Luz com esta curta mas preciosa vantagem.

Não encontro outra explicação para aquilo que aconteceu, mesmo reconhecendo que a sorte dá muito trabalho como diz José Mourinho. No entanto, não me lembro de uma equipa que tenha falhado tantos golos como os alemães mesmo levando em linha de conta que Ederson realizou uma exibição absolutamente incrível que o vai levar à seleção brasileira, se Tite não estiver desatento e acho que não está.

Para além de que, no final da temporada, acredito que os grandes “tubarões” do futebol europeu vão fazer fila à porta de gabinete de Luís Filipe Vieira para o conseguirem contratar.

Com o jogo da Champions ultrapassado e com a segunda eliminatória a três semanas de distância, para os encarnados o tempo agora é de respirar fundo e recentrar as atenções na liga portuguesa e na deslocação a Braga. Como disse Rui Vitória, assim que o jogo desta terça-feira terminou, a equipa está cansada mas muito mais confiante.

Não posso estar mais de acordo com a análise do técnico português mas a dúvida que aqui deixo é esta: será que isso é suficiente para ultrapassar o Sporting de Braga? Tenho muitas dúvidas até pela forma como o Benfica jogou com o Borussia de Dortmund, num registo semelhante ao que fez na taça da Liga com o Moreirense e com o Vitória de Setúbal para o campeonato, embora com um desfecho diferente e que as vitórias caseiras com Nacional e Arouca conseguiram camuflar.

É por demais evidente que Pizzi, talvez o mais importante jogador deste Benfica versão 2016/2017, está a passar por uma fase de abaixamento de forma e que disso se ressente a produção da equipa. É por demais evidente que os dois centrais têm vindo a cometer mais erros do que é habitual e que disso se ressente a equipa que conta apenas com Jardel como alternativa, uma vez que Lisandro Lopez continua de baixa.

É ainda por demais evidente a falta que Gonçalo Guedes faz a esta equipa porque para além de atacar, e estava numa forma excelente quando foi para Paris, era o primeiro a pressionar os adversários e a defender.

Isto para não falar das lesões que também não ajudam e de que Jonas é o primeiro e último exemplo, já que falhou a primeira parte da temporada e volta a estar em risco para o que ai vem. Não jogou com os alemães e acredito que não vai recuperar a tempo de alinhar no municipal bracarense. Quando analiso e olho para este atual Benfica parece-me uma equipa esticada ao máximo e presa por arames.

Por fim temos os adversários que são uma parte importante desta equação. Em primeira instância, porque é o próximo a entrar em cena, o Sporting de Braga. Esta equipa de Jorge Simão é bem diferente da anterior versão bracarense treinada por José Peseiro.

Os “guerreiros” são agora uma equipa menos virada para a frente e para o espetáculo e muito mais de tração atrás, pelo que as dificuldades que a formação de Rui Vitória vai sentir serão enormes. Os avançados do Benfica não vão ter o espaço que gostam de ter para criarem dificuldades aos adversários.

E depois há o FC Porto que está em clara subida de forma, porque os processos da equipa estão agora muito mais assimilados pelos jogadores e porque soube ir ao mercado encontrar a peça que lhe fazia falta.

Soares é um avançado que não dá uma única bola por perdida e que vai, acredito, continuar a marcar e a dar golos a marcar, pelo que pressão sobre o líder é coisa que não vai faltar nos próximos tempos. Ou eu me engano muito ou vamos ter uma ponta final de campeonato igual ao ano passado, embora com protagonistas diferentes. Já quanto ao desfecho, o melhor é nem fazer qualquer previsão. Até porque previsões só mesmo no final do jogo.

pub