Voltou a máquina de produzir talentos

Confesso publicamente que tenho grandes expetativas sobre o que as seleções de futebol podem fazer ao longo deste verão de 2016 e por isso fiquei muito satisfeito com a excelente prestação da equipa de sub-17 que, este fim de semana, se sagrou campeã da Europa da categoria.

Entre os vencedores há uma pessoa de quem gosto particularmente e que é o treinador Hélio Sousa. Somos mais ou menos da mesma idade, somos naturais da mesma cidade - Setúbal - onde vivemos e temos a vida organizada e apesar de não sermos propriamente amigos gosto muito de conversar com ele sobre algo que cruza as nossas vidas e que é o futebol.

Sempre o admirei porque foi o primeiro campeão do Mundo que conheci pessoalmente - ganhou o mundial de sub-20 em 1989 no início da chamada geração de ouro -, também porque fez toda a sua carreira no Vitória de Setúbal. Neste momento tenho ainda mais admiração por ele porque está a construir uma carreira de enorme sucesso nos escalões jovens do futebol português, que ele conhece como muito poucos sem ter a ambição de chegar ao futebol profissional.

Gosto de lhe perguntar quem são os craques do futuro, aqueles que com quem vou ter de trabalhar daqui a uns anos e, posso garantir, sabe do que fala e não se costuma enganar.

Depois de alguns anos em que a máquina de produzir novos talentos esteve um bocado emperrada - um período que curiosamente coincidiu com a passagem de Luis Filipe Scolari pelo futebol luso - a Federação Portuguesa de Futebol e os clubes voltaram a apostar nos escalões de formação com enorme sucesso, já que nos últimos anos voltamos a marcar presença regular nos europeus e mundiais das várias categorias.

No ano passado estivemos no europeu de sub-21 em que a seleção portuguesa foi vice-campeã, bem como no mundial de sub-20 que decorreu na Nova Zelândia onde passamos a fase de grupos, noutra seleção comandada por Hélio Sousa. Este ano, e depois de conquistado o título europeu por parte dos sub-17, segue-se o europeu de sub-19 que vai decorrer na Geórgia, em julho, e onde a equipa portuguesa, como não podia deixar de ser, terá uma palavra a dizer.

Antes disso vamos todos sofrer e vibrar com a seleção principal que vai estar na fase final do Euro 2016, em França - é a sexta presença consecutiva - e onde os comandados de Fernando Santos têm vindo a dizer que sem serem favoritos - porque não são - querem discutir o título de campeões da Europa que nos fugiu de forma absolutamente inacreditável em 2004.

Para alguns dos jogadores convocados esta será mesmo a última possibilidade de fazerem história, porque a idade não perdoa e o fim da carreira aproxima-se. Mas, para outros, será apenas uma primeira de muitas oportunidades para escreverem o seu nome na história do futebol mundial.

Este verão quente termina com uma nova presença de uma equipa portuguesa nos Jogos Olímpicos - Rio 2016. Vinte anos depois da excelente prestação em Atlanta 1996, onde a equipa treinada por Nelo Vingada chegou à discussão das medalhas e ajudou a formar jogadores que mais tarde fizeram parte, de forma indiscutível, da seleção principal, como Nuno Gomes, Capucho, Sérgio Conceição ou o atual selecionador olímpico Rui Jorge.

Com o histórico que esta equipa tem - chega a este torneio como vice-campeã europeia e com uma trajetória de grande sucesso - ninguém ficará espantado que não seja candidata a uma das medalhas. Assim os clubes deixem. É que os Jogos Olímpicos não são data FIFA e os clubes só cedem jogadores se quiserem. E, em boa verdade, alguns não estão disponíveis para grandes cedências.

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