"O PS tem de resolver a contradição de praticar uma política de direita"

por RTP

O secretário-geral do PCP respondeu quinta-feira às questões de Vítor Gonçalves. Jerónimo de Sousa garante que quem vota na CDU tem a certeza de que o seu voto será honrado e lança duras críticas aos socialistas e à coligação. O comunista critica ainda a venda do Novo Banco e as privatizações que têm sido levadas a cabo.

O voto na CDU é um voto que será honrado. A garantia foi dada pelo secretário-geral do partido esta quarta-feira, em entrevista à RTP. Jerónimo de Sousa afirma mesmo que “nenhum voto na CDU se perderá”.

O representante da Coligação Democrática Unitária (CDU) apresenta críticas à “política de direita”. Uma política que, defende Jerónimo, tem sido seguida pelo Partido Socialista.
“Muitos acham natural carregar de impostos os rendimentos dos trabalhadores mas não as grandes fortunas”

“O PS tem de resolver a contradição de sendo um partido de esquerda praticar, quando governa, uma política de direita”, afirmou mesmo Jerónimo de Sousa, retomando uma ideia que já tinha deixado clara no debate com Catarina Martins.

Jerónimo é mesmo assertivo ao considerar que “nas questões de fundo as diferenças entre PSD e PS não são fundamentais”.

O partido defende alterações nos impostos, defendendo fortemente que “quem muito tem deve pagar mais” e lançando críticas a outros partidos.

“Muitos acham natural carregar de impostos os rendimentos dos trabalhadores mas não as grandes fortunas”, acusa o responsável comunista.

Jerónimo reafirma a sua oposição às privatizações e considera mesmo que estas deveriam ser revertidas, nomeadamente no setor da energia.

“Tendo em conta os lucros de empresas como os CTT ou a EDP, como se compreende que tenham sido privatizadas?”, questiona Jerónimo.
“Tendo em conta os lucros de empresas como os CTT ou a EDP, como se compreende que tenham sido privatizadas?”

Contra as vendas que foram feitas, e contra aquelas que deverão ser feitas nos próximos tempos. O Novo Banco, aponta o líder comunista, não deveria ser vendido.

O facto de a instituição estar agora sob alçada do Fundo de Resolução é uma “excelente oportunidade para concretizar o controlo público”.

“O país está a arder. Os portugueses estão a arder com esse dinheiro do Fundo de Resolução. Vamos perder outra vez o dinheiro?”, questiona o secretário-geral, temendo que se verifique um novo caso BPN.
Presidenciais
Ainda com as Legislativas por realizar, os olhos já estão postos nas eleições presidenciais e nos potenciais candidatos. Jerónimo de Sousa realça que o PCP sempre teve um candidato próprio mas ressalva que o partido tem pugnado sempre para que esteja em Belém quem defenda a Constituição.

“O PCP vai intervir de modo próprio, procurando tudo fazer para que na Presidência da República esteja alguém que cumpra e faça cumprir a constituição”, promete Jerónimo.
“Devem ser países de acolhimento, numa visão de integração, pensando sempre que a solução passa por resolver os problemas naqueles países"

A crise de refugiados que tem atravessado a Europa e chocado todo o mundo também não deixa Jerónimo de Sousa indiferente. O líder comunista confessa-se também ele chocado com as recentes imagens e defende que é urgente avançar com medidas humanitárias.

Para o secretário-geral do PCP, o Governo deverá, sem radicalismos e tendo em conta a situação atual de Portugal, fazer o máximo possível para que os refugiados tenham direito “a não serem explorados, transformados em escravos”

“Devem ser países de acolhimento, numa visão de integração, pensando sempre que a solução passa por resolver os problemas naqueles países. Criar condições para que estes povos possam regressar à sua pátria”, defendeu o líder comunista.
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