Exploração laboral em Taiwan lança nova sombra sobre padrões da Apple

por Sandra Salvado - RTP
A China Labor Watch apurou que os funcionários da Pegatron, ao serviço da Apple, recebem menos dinheiro do que deveriam Chance Chan - Reuters

Inexistência de folgas, dormitórios sem o mínimo de condições, exploração de mão-de-obra infantil e trabalhadores que adormecem de exaustão por causa das horas extraordinárias excessivas são algumas das situações que acontecem na fábrica Pegatron, em Taiwan, e que são denunciadas pela organização sem fins lucrativos China Labor Watch.

A China Labor Watch, que disponibilizou um relatório na sua página na internet, sublinha que não é de agora a denúncia de fábricas de aparelhos eletrónicos na China que mantêm funcionários em condições inaceitáveis de trabalho. Só no ano passado, em média, os trabalhadores faziam 80 horas a mais do que deveriam.


Desta vez, o relatório dá conta de mais de 100 mil trabalhadores da Pegatron, em Taiwan, onde é fabricado o iPhone 7, a fazerem horas excessivas com jornadas de trabalho muito além do que é humanamente aceitável.

Além disso, a China Labor Watch também apurou que os funcionários da Pegatron, ao serviço da norte-americana Apple, recebem menos dinheiro do que deveriam pelo seu trabalho, em comparação com a média local.

Em 2015 o salário médio para esse tipo de função em Xangai ficou nos 895 dólares por mês, mas os funcionários da Pegatron recebem cerca de 633 dólares por mês. E mais de 96 por cento deles não chegam a receber um salário mínimo.

A Apple já foi alvo de diversas investigações em fábricas que produzem peças e componentes para os seus dispositivos.
Condições inaceitáveis
A empresa estipula que seus trabalhadores tirem pelo menos um dia de folga por semana e que não trabalhem mais do que 60 horas, mas contactada pelo site Quartz, a Apple não se pronunciou sobre as condições de trabalho dos funcionários de fábricas que lhe fornecem serviços.

Também os dormitórios não têm condições mínimas. Concentram mais de uma dúzia de trabalhadores em espaços exíguos.



Em 2010, as condições de trabalho nestas fábricas chinesas tornaram-se públicas quando 14 trabalhadores da Foxconn, uma dos maiores fornecedoras da Apple, puseram termo à vida devido à pressão a que eram sujeitos para cumprirem objetivos.



Nessa altura a Apple prometeu implementar novas regras no que respeita às condições de trabalho e dividiu a produção entre a Foxcon e a Pegatron.
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