Hotéis com História

O Hotel Palácio Estoril foi exílio de muitas famílias reais da Europa durante a Segunda Guerra Mundial, no quadro da neutralidade de Portugal. Localizado no Estoril, que ficou conhecido como a Costa dos Reis, recebia em simultâneo espiões britânicos e alemães, que muitas vezes se chocavam no bar. Muitas das histórias de intriga e espionagem ali vividas inspiraram romancistas e cineastas. Em 1969, o Hotel foi cenário do filme "Ao Serviço de Sua Majestade", da saga James Bond, desempenhado pelo fugaz George Lazemby, com Diana Rigg e Telly Savalas. O Hotel foi a segunda casa das famílias reais espanhola, italiana, francesa, búlgara e romena e continua ainda hoje a ser o local de eleição dos seus descendentes. Em sua homenagem foi criada em 2011 a Galeria Real, onde se expõem fotos das personalidades da realeza que viveram no hotel. Hoje acolhe chefes de estado, imperadores, reis e príncipes da Europa, artistas, escritores, campeões do desporto, realizadores de cinema, atores e políticos, nomeadamente o iraniano Nubar Gulbenkian, que colaborou com o MI 6, Isaiah Berlin, então a trabalhar no British Information Service de Nova Iorque, Graham Greene, Zsa Zsa Gabor e Leslie Howard.

O Hotel Estoril Sol, inaugurado a 15 de janeiro de 1965, cresceu sobre a baía do Estoril pelo traço do arquiteto Raúl Tojal. Com 21 andares e 404 quartos foi considerada a maior unidade hoteleira do País. Era a contrapartida exigida pelo Estado ao empresário José Teodoro dos Santos pela concessão do Casino Estoril. Começava assim a regulação e institucionalização do Jogo em Portugal, e simultaneamente um projeto integrado de turismo para uma faixa de mercado particular e com capacidade financeira. O impacto económico na região foi notável e consolidado ao longo dos anos, com particular pujança nos anos 70, em que se tornou "o Hotel dos americanos". Grace Kelly, Jorge Amado, John Wayne, Fraid Astaire, Elis Regina, Ray Charles, Giberte Bécaud, Liza Minelli, Shirley Bassey e Diana Ross foram algumas das inúmeras personalidades que por ali passaram. Objeto do nosso imaginário coletivo, com corpo nascido e criado nas muitas estórias da História, o Hotel encerrou em abril de 2003 e foi demolido em janeiro de 2007.

Série documental com autoria de José Carlos Oliveira e Ricardo Pugschitz de Oliveira sobre alguns dos mais emblemáticos hotéis de Portugal No princípio esteve a Avenida da Liberdade; lançada entre o que antes tinha sido o Passeio Público e, depois,
Restauradores e o que viria a ser a Praça do Marquês de Pombal; abria Lisboa ao planalto norte e à modernidade, precisamente
quando pelo mundo e também em Portugal nascia e a lastrava, imparável, o Modernismo - nas artes e no pensamento.
Por tudo isto, e por muito mais com certeza, houve olhares que se levantaram para o futuro e criaram, ali mesmo no princípio da
Avenida, o primeiro de um conjunto de unidades hoteleiras, estruturas de apoio e serviços, o Avenida Palace - em ligação com a
Wagon Lits -, que viriam a contribuir de forma referencial para a projeção da oferta hoteleira requintada do País num mundo que,
para além das elites, alargava um certo bem-estar às classes mais frágeis, que então podiam despertar para a riqueza cosmopolita
de viajar e conhecer novas paragens e culturas.
Seguiu-se-lhe o Tivoli, depois o Palácio Estoril ligado às Termas e implantado no território que viria a tornar-se a "Biarritz
Portuguesa"; e, décadas depois e em articulação com o Casino Estoril, o Estoril Sol, virado ao Atlântico, física e no plano dos
negócios.
Foi por estas unidades que passaram inúmeras paixões, esperanças, desespero dos refugiados das Guerras, espiões, intrigas e,
também, sonhos e inspirações, deixando-nos um lastro inesquecível de estórias da História que agora recordamos para a História.