Plutão pode ter oceano com 100 quilómetros de profundidade

por RTP
Reuters/ NASA

Plutão pode esconder um vasto oceano por baixo da sua superfície gelada, revelam as imagens recolhidas pelo veículo espacial New Horizons, da NASA. Cientistas acreditam que o planeta anão pode conter tanta água como todos os oceanos da Terra.

Há milhões de anos, um meteorito com cerca de 200 quilómetros chocou contra Plutão. O impacto desta colisão formou uma cratera de grandes dimensões que se foi enchendo de gelo com nitrogénio, formando uma planície em forma de coração que adquiriu o nome de Tombaugh Regio. O lóbulo esquerdo desta planície é formado pela bacia Sputnik Planitia e tem cerca de mil quilómetros.

Dois estudos recentes analisaram a Sputnik Planitia através das imagens recolhidas em julho de 2015 pelo veículo espacial New Horizons, quando este fez história ao sobrevoar Plutão mais perto do que nunca. Os cientistas tentaram perceber por que razão esta bacia está localizada perto do equador de Plutão.

Modelos gerados em computador demonstram que o peso do gelo que preenche a bacia pode ter causado uma deslocação do planeta em torno do eixo de rotação e levado a que a crosta ficasse rachada.

Segundo os estudos publicados na revista científica Nature, isto apenas poderia acontecer caso Plutão tivesse um oceano abaixo da superfície.
"Todos os oceanos da Terra"
Francis Nimmo, cientista da Universidade da Califórnia e coautor de um dos estudos, afirmou que o alegado oceano do planeta anão tem uma consistência lamacenta misturada com gelo e repousa a cerca de 150 a 200 quilómetros abaixo da superfície.

Estima-se ainda que tenha aproximadamente 100 quilómetros de profundidade.

Citado pela agência noticiosa Reuters, Nimmo revela que este oceano “tem o mesmo volume que todos os oceanos da Terra, tendo em conta que é muito mais profundo e que Plutão é um planeta mais pequeno”. Afirma ainda que o oceano se deve estender ao longo de todo o planeta anão.
"Anticongelante"
Apesar de se encontrar 40 vezes mais longe do Sol do que a Terra, o calor radioativo que resta da criação de Plutão, há 4,6 mil milhões de anos, é suficiente para manter a água em estado líquido na profundidade. Algo que, segundo Nimmo, “não é muito surpreendente, especialmente se o oceano tiver amoníaco, que funciona como uma espécie de anticongelante”.


No entanto, as expectativas acerca da existência de vida nestas águas não são elevadas. Richard Binzel, outro dos investigadores dos recentes estudos e cientista no Instituto de Tecnologia de Massachussetts, acredita que a quantidade de gelo que cobre o oceano não deixa muitas hipóteses para a presença de habitats, apesar de não negar "que possa ser possível”.

Este estudo acrescenta Plutão a uma lista de corpos celestes do sistema solar onde podem existir oceanos sob a superfície. O veículo espacial New Horizons pretende sobrevoar a 1 de janeiro de 2019 o corpo espacial gelado conhecido por 2014 MU69, que se encontra a cerca de 1,6 mil milhões de quilómetros de Plutão, no Cinturão de Kuiper.
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