Conversa Capital com a secretária de Estado do Turismo

por Antena 1

Os jornalistas Rosário Lira (Antena1) e Celso Filipe (Jornal de Negócios) entrevistam Ana Mendes Godinho.

O governo ainda não tem uma noção exata dos impactos dos cancelamentos da Ryanair no turismo português. No entanto, em entrevista à Antena1 e ao Negócios, a secretária de Estado do Turismo assegurou que não se justifica cair em "alarmismos" e que não há "um impacto significativo". Adiantou que o Turismo de Portugal e a ANAC estão a fazer essa avaliação, mas garantiu que quem ficar sem voo vai sempre ter alternativa porque há diversidade de opções.

Portugal está a crescer a um ritmo tal no turismo que é já um "case study" na Europa. É o pais da Europa que mais cresce em receitas turísticas. Em causa o facto de o crescimento das receitas estar a ser o dobro do numero de crescimento de turistas porque tem sido feita uma aposta nos mercados que gastam mais.

Este crescimento, segundo a secretária de Estado do Turismo, faz com que a banca atualmente esteja disposta a assumir mais riscos no financiamento de projetos ligados ao turismo. Ana Mendes Godinho revelou que neste momento há mais de 330 projetos aprovados, uma taxa de execução de 30%, 1500 empresas envolvidas e 600 milhões de investimento. A secretária de Estado assegura que não ficará dinheiro por gastar, antes pelo contrário, a intenção é reforçar algumas linhas de credito porque a procura é superior à oferta.

Este crescimento exige pessoal mais qualificado que segundo a secretária de Estado neste momento não há. Este ano foram criados 50 mil novos empregos e as escolas de turismo formam apenas 3500 alunos. Um problema que já não é sazonal. Por isso avança já este ano um programa de formação diretamente feito pelas escolas junto das empresas e dos estabelecimentos comerciais.

No entanto, Ana Mendes Godinho admite que esta falta de recursos também se deve ao facto dos salários serem baixos, as condições de trabalho são muito exigentes e os horários difíceis. Por isso reconhece que essas pessoas "tem de ser cada vez mais valorizadas".

Relativamente à sustentabilidade do crescimento não acredita que haja um excesso de oferta turística em Lisboanem acredita que exista uma bolha. "Nos dobramos as receitas previstas como previmos há 10 anos sem problemas. Ainda há muito para crescer e para desconcentrar nas cidades".

Nesta entrevista a secretária de Estado revelou pela primeira vez os efeitos das alterações à legislação do alojamento local que passaram a obrigar os proprietários a registar os alojamentos para aceder às plataformas de venda na net. Uma legalização que trouxe para o sistema mais 28 mil alojamentos que passaram a contribuir para as receitas do turismo.

Concorda com a proposta do atual presidente da Camara de Lisboa de limitar o alojamento local em alguns bairros. Admite que seja feita uma alteração à lei que permita às camaras darem a conhecer a disponibilidade que existe seguindo alguns critérios objetivos.

Já quanto à aplicação da taxa turística a todo o país, Ana Mendes Godinho não concorda que assim seja.Considera que em Lisboa a medida foi bem aplicada mas tem de ser definido em função das realidades locais. Relativamente ao Porto não vê obstáculos desde que já haja maturidade do destino.

No próximo orçamento do Estado não haverá mexidas nos impostos no sector do turismo: Pelo contrario, a ideia é "estabilizar".
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