Conversa Capital com Miguel Maya

por Antena 1

Foto: Antena1

Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, o CEO do BCP defende o fim do sigilo bancário em sede de Comissão Parlamentar de Inquérito.


Para Miguel Maya "não poder responder sabendo a verdade," não faz sentido. E, por isso, considera que tratando-se de Comissão Parlamentar de Inquérito, para apurar a verdade, não pode existir esse tipo de constrangimento e o sigilo bancário deve ser dispensado.

A este propósito, Miguel Maya não comenta a falta de memória de alguns dos inquiridos na II Comissão Parlamentar de Inquérito à CGD. Já quanto a José Berardo, limita-se a referir que viu "com muita atenção" e que a intervenção de Berardo acrescentou aspetos de que não tinha conhecimento.

Miguel Maya admite que o BCP tem cicatrizes relativamente ao passado mas "não tem feridas abertas". Nesta entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, o CEO do BCP reconhece que de 2005 a 2007 o banco "viveu anos maus com algumas coisas que não deviam ter acontecido" mas afirma que o BCP não nega o passado e que as cicatrizes com que ficou sabe viver com elas. Garante que neste momento não há interferências políticas no banco mas ainda assim admite que tem de estar preparado para todo o tipo de pressões: "vou receber chamadas vou receber pressões". Assegura no entanto que tem uma organização capaz de resistir a todas as pressões.

Contrariando declarações de Filipe Pinhal aos deputados da II Comissão de Inquérito à CGD, Miguel Maya nega que tenha avisado Filipe Pinhal que a lista dele para o Conselho de Administração do BCP só passava se integrasse Santos Ferreira e Armando Vara. Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, o atual CEO do BCP revelou que quem lhe disse que havia essa condição foi o próprio Filipe Pinhal. Na altura Miguel Maya colocou o lugar à disposição e foi dos quadros do BCP o único que não foi à Administração pela nova lista. O CEO acrescenta que já disse a Filipe Pinhal que fez confusão ao dizer na II Comissão Parlamentar de Inquérito à CGD que tinha sido avisado por ele.

Já quanto à divulgação da lista dos grandes devedores aos bancos, que pediram ajudas ao Estado, reconhece que a Assembleia é soberana nas suas decisões, mas admite que ficou "desconfortável" porque o Estado emprestou e recebeu o pagamento com juros. Ou seja, considera que "todos aqueles que pagaram não deviam lá estar porque cumpriram as suas obrigações". Miguel Maya diz ainda nesta entrevista que está preocupado com a forma como a informação vai ser tratada e pede reserva para os clientes que conseguiram voltar ao mercado porque isso teria impacto na vida da empresa e para o valor das imparidade que cada um dos bancos constituiu para os diferentes créditos porque representaria destruição de valor.

A propósito do malparado, o CEO do BCP defende uma alteração legislativa que permita às empresas que tiveram dificuldades económicas e conseguiram recuperar, perderem o estigma de NPE (non-performing exposure) e poderem ter novamente acesso ao crédito. Considera que há um "conceito que se transformou em preconceito" e admite mesmo que têm razão os empresários quando dizem que não tem acesso à banca. Para Miguel Maya são empresas que estão classificadas como NPE mas tem viabilidade económica e deviam ser apoiadas.

Já quanto à plataforma de gestão de crédito malparado criada pelo BCP, CGD e Novo Banco admite que ainda não está a funcionar como devia.

Na 2ªfeira o BCP começa a cobrar pelas transferências no Mbway. Algo que o CEO lembra que já estava previsto e que ainda assim vai isentar mais de 50% dos clientes.

Pode ver aqui na íntegra esta entrevista de Miguel Maya, presidente da Comissão Executiva do BCP, a Rosário Lira (Antena1) e André Veríssimo (Jornal de Negócios):


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