Transição energética. Presidente da COP28 vai continuar a investir no petróleo apesar do acordo "histórico"

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Martin Divisek - EPA

Depois de ter coordenado e anunciado um acordo climático "histórico" e "sem precedentes" para a transição energética, no encerramento da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP28) na quarta-feira, Sultan Al Jaber disse que a sua empresa petrolífera vai continuar a investir no petróleo e a satisfazer a procura de combustíveis fósseis.

O emirati Sultan Al Jaber, responsável pelas negociações sobre o clima que se desenrolaram nas últimas duas semanas no Dubai é também o presidente da Adnoc, uma das maiores empresas petrolíferas do mundo, que planeia investir 150 mil milhões de dólares (136 mil milhões de euros) ao longo de sete anos em petróleo e gás, como contou numa entrevista ao jornal britânico The Guardian"O mundo continua a precisar de petróleo e gás com baixo teor de carbono e de petróleo e gás de baixo custo", afirmou Sultan Al Jaber..

"A minha abordagem é muito simples: vamos continuar a atuar como um fornecedor responsável e fiável de energia com baixo teor de carbono e o mundo vai precisar dos barris com menor teor de carbono e ao mais baixo custo", explicou o executivo do setor da energia.

O presidente da COP28 explicou que a Adnoc, a empresa nacional de petróleo e gás dos Emirados Árabes Unidos, tem de continuar a satisfazer a procura de combustíveis fósseis e garantiu que o fará de forma responsável e fiável, argumentando que os hidrocarbonetos da empresa petrolífera têm menor teor de carbono porque são extraídos de forma eficiente e com menos fugas do que outras fontes. "No final do dia, lembrem-se, é a procura que vai decidir e ditar que tipo de fonte de energia vai ajudar a satisfazer as crescentes necessidades energéticas globais", acrescentou.

Segundo Al Jaber, os planos de investimento da empresa petrolífera são necessários porque o mundo continuará ainda a precisar de uma pequena quantidade de combustível fóssil, mesmo quando atingir a neutralidade climática em 2050, e são viáveis dentro do limite da meta de 1,5 graus estipulados pelo Acordo de Paris. "Quando a procura parar, é uma história completamente diferente. O que temos de fazer agora é descarbonizar o atual sistema energético, enquanto construímos o novo sistema energético".


Sultan Al Jaber, que esteve no centro de uma polémica no início da cimeira do clima no Dubai por causa do seu duplo papel no evento, como presidente da COP28 e da Adnoc, provou ser um presidente eficiente e determinado na procura da adoção de um novo acordo consensual para o futuro dos combustíveis fósseis.
"Estou empenhado na transição (energética). É algo em que trabalho pessoalmente há mais de 18 anos. Conheço a dinâmica energética e a economia da energia. Sou um engenheiro", afirmou o emirati, que antes de assumir o cargo da Adnoc foi confundador da Masdar, uma empresa de energia renovável. E explicou que a sua atual empresa petrolífera estava a renunciar a grande parte do potencial de extração.

"Temos a quinta maior reserva de petróleo do mundo, mas não estamos a aproveitar esses recursos"
, concluiu.

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