Covid-19. Coreia do Sul reativa restrições após identificar novos focos de contágio

por RTP
Kim Hong-Ji - Reuters

A Coreia do Sul registou, na quarta-feira, 79 novas infeções de Covid-19, o pior surto de novos casos desde o dia 5 de abril. Receando uma nova vaga epidémica no país, as autoridades informaram, esta quinta-feira, que foram "reforçadas" algumas medidas restritivas para evitar a propagação do novo coronavírus.

Muito elogiada pelo sucesso na contenção da Covid-19, a Coreia do Sul já tinha terminado o confinamento e atenuado muitas das restrições impostas no início da pandemia. Em pleno regresso à normalidade, voltaram a ser identificados dezenas de novos casos de infeção pelo novo coronavírus.

Dos 79 novos casos detetados na quarta-feira, 68 são infeções locais. Pelo menos 54 casos destes terão sido originados num centro logístico nos arredores de Seul, na cidade de Bucheon, a sudoeste da capital.

Este é o pior pico de infeções na Coreia do Sul desde 5 de abril, há 53 dias, quando o país registou 81 casos.

Os primeiros casos de infeção naquele armazém da Coupang, a maior empresa de comércio eletrónico do país, tinham sido registados na terça-feira. Com os novos casos diagnosticados na quarta-feira, o número de contágios naquela empresa subiu para 69.

O vice-ministro da Saúde, Kim Gang-lip, alertou ainda que o Governo receia que o número de novos casos venha a aumentar, à medida que mais trabalhadores vão sendo testados.

"Estamos à espera que o número de novos casos relacionado com o armazém continue a aumentar até hoje, quando concluírmos os testes", disse à imprensa local.

As autoridades identificaram 4159 pessoas que se pensa poderem ter sido infetadas nesta empresa, entre trabalhadores e pessoas que estiveram em contacto com os funcionários, tendo já sido realizados 3400 testes.

Considerando, então, o aumento de casos e o receio de uma segunda vaga, o Governo decidiu voltar a importar determinadas restrições na região metropolitana, durante as próximas duas semanas.

"Decidimos fortalecer as medidas de confinamento na região metropolitana por duas semanas, a partir de sexta-feira e até 14 de junho", disse o ministro da Saúde, Park Neug-hoo, esta quinta-feira em conferência de imprensa.

"As próximas duas semanas são cruciais para conter a infeção", alertou. "Teremos de voltar a um distanciamento social estrito se fracassarmos" e se o país registar mais de 50 novos casos diariamente por pelo menos sete dias consecutivos, avançou Park Neug-hoo.

Desta forma, os museus, os parques e as galerias de arte têm de fechar durante esse período e as empresas são incentivadas a reintroduzir a flexibilidade no trabalho, explicou o ministro.

Os cidadãos também voltaram a ser aconselhados a evitar reuniões e lugares lotados, incluindo bares e restaurantes.

Na quarta-feira, numa das últimas fases do desconfinamento faseado do país permitiu que algumas escolas retomassem atividade e que mais de dois milhões de crianças voltassem às aulas.

"Se não conseguirmos retardar a propagação do vírus na região metropolitana num estágio inicial, isso levará a mais infeções na comunidade, impedindo a reabertura das escolas", lembrou Park Neug-hoo.

As instituições religiosas e os locais de culto foram também instruídos para aplicarem estritamente as orientações de segurança das autoridades de saúde.

A diretora do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da Coreia do Sul, Jeong Eun-kyeong, já tinha dito, na terça-feira, que o país poderia ter de repor as restrições de distanciamento social que começou a diminuir em abril, por causa do aumento de transmissões do novo coronavírus.

"O número de pessoas ou locais que precisamos de testar está a aumentar", disse durante o briefing diário.

"Faremos o possível para rastrear contactos e implementar medidas preventivas, mas há um limite para esses esforços. É necessário maximizar o distanciamento social nas áreas em que o vírus está a circular, forçar as pessoas a evitar instalações públicas e outros espaços lotados".

A Coreia do Sul tem sido apontada, em todo o mundo, como um dos melhores países no controlo da pandemia, graças a um sistema abrangente de rastreio, testes em massa e isolamento de pessoas que tenham estado em contacto com infetados. Mas agora as autoridades de saúde sul coreanas receiam que a propagação do vírus se torne mais difícil de rastrear.

No total, a Coreia do Sul totaliza 11 344 infeções, das quais apenas 735 (6,5 por cento) são casos ativos. Dos infetados, 91,1 por cento já estão curados, enquanto 269 morreram, deixando uma taxa de mortalidade de 2,37 por cento.

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