Covid-19. Infeções em Espanha triplicaram em apenas duas semanas

Em Espanha, os casos de Covid-19 triplicaram em pouco mais de duas semanas. São agora 27,39 as infeções por cada 100 mil habitantes, quando no início de julho esse número se fixava em 8,76, segundo o Ministério espanhol da Saúde.

RTP /
O número de infeções por cada 100 mil habitantes é atualmente semelhante ao do início de maio. Foto: Nacho Doce - Reuters

O número de infeções por cada 100 mil habitantes é atualmente semelhante ao do início de maio, quando Espanha iniciou o desconfinamento. A partir dessa data, a incidência da doença foi diminuindo até alcançar, a 25 de junho, o seu número mais baixo até ao momento: 7,74 infeções por cada 100 mil habitantes.

Desde então, a tendência inverteu-se e o número não tem parado de subir, especialmente nas últimas duas semanas. Os surtos verificados nas comunidades autónomas de Aragão e Catalunha explicam parcialmente esta subida. “Nestas comunidades a situação é muito preocupante”, lamentou a El Pais o porta-voz da Sociedade Espanhola de Epidemiologia, Fernando Artalejo. “Se não a controlarmos já, teremos um cenário muito complicado”.

“Para que se possa interpretar corretamente o aumento da incidência [em toda a Espanha], há que perceber em que medida esse aumento se deve a Aragão e Catalunha e se, excluindo estas comunidades, corresponde a surtos que estejam sob controlo, o que parece ser o caso”, elucidou o especialista.

Artalejo sublinhou ainda a importância de se entender o resultado das restrições que essas duas comunidades impuseram para controlarem os surtos. “Sabemos que o confinamento rigoroso é muito eficaz. Mas ninguém sabe quão eficazes são as outras medidas. Não há investigação suficiente sobre isso”, explicou.
Desconfinamento pode estar na origem
O ministro espanhol da Saúde, Salvador Illa, já apelou a que os habitantes de Catalunha e Aragão respeitem as medidas de confinamento parcial decretadas pelas regiões, acrescentando que o seu Ministério as apoia totalmente.

O responsável do Executivo de Pedro Sánchez frisou ainda que, dos 201 surtos ativos em todo o país, vários estão relacionados com os trabalhadores temporários que fizeram a apanha da fruta este ano, sendo que muito outros surtos estão relacionados com o desconfinamento e com o aumento das festas e celebrações familiares e entre amigos em eventos e em espaços de diversão noturna.

A subida das últimas semanas é também percetível nas estatísticas da Organização Mundial da Saúde, que aponta para Espanha como o país da União Europeia onde mais está a aumentar o número de novos casos. A OMS compara a incidência acumulada a cada 14 dias em toda a região europeia, que inclui 53 países.

No domingo, Espanha tinha duplicado a taxa de incidência em relação ao número divulgado duas semanas antes, com um aumento de 103 por cento. O país é apenas superado pelo Quirguistão (que registou uma subida de 354 por cento), Montenegro (161 por cento), Luxemburgo (151 por cento) e Israel (147 por cento).
Metade dos casos são assintomáticos
“É muito difícil manter a taxa de incidência baixa e com tendência a desaparecer”, explicou ao El Pais o epidemiologista Ildefonso Hernández. “Em todos os países vemos que, quando se aproximam de uma incidência muito baixa, geralmente ocorrem surtos”.

Já o porta-voz da Sociedade Espanhola de Epidemiologia assegurou que não se têm cumprido as recomendações de alguns líderes políticos para que os cidadãos não se desloquem a zonas de alta incidência. “É muito importante usar medidas de proteção onde quer que alguém vá”, aconselhou o especialista, acrescentando que o fundamental neste momento é “ir apenas a lugares onde estejam poucas pessoas”.

O Centro de Coordenação de Alertas e Emergências Sanitárias de Espanha confirmou que a tendência de contágios no país tem sido crescente, mas tentou tranquilizar a população. “Entre 50 a 60 por cento dos casos positivos são assintomáticos”, esclareceu a porta-voz María José Sierra, acrescentando que os hospitais não têm sentido o impacto deste aumento de infeções.

Desde que o novo coronavírus chegou a Espanha, fez nesse país mais de 282 mil infetados, dos quais 28 mil são vítimas mortais. Até ao momento, cerca de 150 mil pessoas conseguiram recuperar da doença.
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