Mil civis mortos em seis meses de junta militar em Myanmar

por Carla Quirino - RTP
Reuters

Em fevereiro, Aung San Suu Kyi foi retirada do Governo por uma junta militar autoritária. Nas manifestações que se geraram na luta pela reposição da democracia, já morreram 1006 civis, vítimas da repressão sangrenta. O balanço é da associação ativista que dá apoio a presos políticos.

 "Eles não estão apenas a matar as nossas vidas, mas também o futuro e as esperanças democráticas do país", afirma a Associação de Assistência a Presos Políticos.

E acrescenta: "Enquanto os militares estiverem no poder, eles continuarão a matar jovens, profissionais como médicos e professores, homens, mulheres e crianças".

Declarações citadas pela publicação britânica The Guardian.

Desde o primeiro dia do golpe militar, a 1 de ferereiro, a junta adotou uma política de repressão contra os manifestantes, fazendo disparos com balas reais.

Ko Bo Gyi, um dos líderes da associação ativista, diz que pelo menos 1006 civis foram mortos.

Bo Gyi vive na clandestinidade e deu o nome a uma organização considerada ilegal. Adotou o nome que tradicionalmente é associado um espírito guardião.

O líder ativista acusou a junta de "militarizar" a pandemia da Covid-19.

Os hospitais administrados por militares afastaram parte da população. A diminuição de atendimento médico e as greves por todo país agravaram a crise de saúde.

A birmanesa Yanghee Lee, com ligação às Nações Unidas, também já tinha alertado para o aproveitamento da junta, nomeadamente ao negar assistência médica a apoiantes do movimento da oposição.

Em Yangon, um dos reflexos é o das longas filas para conseguir encher botijas de oxigénio.

Os últimos registos em Myanmar dão conta de 363 mil casos e 13.786 mortes associadas à Covid-19.


Filas para encher as botijas de oxigénio em Yangon | Reuters

A junta justifica o golpe militar alegando fraude na eleição de Aung San Suu Kyi.

Min Aung Hlaing, chefe do exército, foi nomeado primeiro-ministro de um governo "interino", a que a junta chama de conselho de administração do Estado. Hlaing prometeu que até 2023 haverá eleições.

Suu Kyi enfrenta várias acusações, que vão desde o crime de posse de walkie-talkies ilegais até à violação da lei de segredos de Estado.

Mesmo com a repressão, a contestação contra a junta vai para a rua em manifestações relâmpago.
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