ONU preocupada com impacto de pandemia nos direitos humanos na Coreia do Norte

por Lusa

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos manifestou "profunda preocupação" com o avanço da epidemia de covid-19 na Coreia do Norte e o seu possível impacto humano.

"As últimas restrições, incluindo o isolamento rigoroso das pessoas e novas regras sobre as viagens, terão graves consequências para aqueles que já lutam para satisfazer as necessidades básicas", disse Elizabeth Throssell, porta-voz do gabinete do Alto Comissariado, num briefing da ONU em Genebra, Suíça.

O gabinete aconselhou as autoridades norte-americanas a assegurar "que as medidas tomadas para combater a pandemia sejam necessárias, proporcionadas, não discriminatórias, calendarizadas e em conformidade com o direito internacional dos direitos humanos", reforçou Throssell.

A porta-voz lembrou também o apelo da alta comissária Michelle Bachelet à comunidade internacional para aliviar as sanções contra a capital norte-coreana, Pyongyang, "para facilitar a ajuda humanitária de emergência e a assistência relacionada com a covid".

"Encorajamos as autoridades da República Popular Democrática da Coreia a envolverem-se urgentemente com a ONU para abrir canais humanitários" e "facilitar o regresso do pessoal internacional da ONU e de outras organizações à Coreia do Norte, para que possam prestar ajuda aos mais vulneráveis, bem como aos que vivem em zonas rurais e fronteiriças", acrescentou Throssell.

A Coreia do Norte anunciou hoje que tinha registado seis novas mortes "por febre", segundo a agência noticiosa oficial norte-coreana, KCNA, o que eleva o número de mortes para 56, alguns dias depois de o país ter reconhecido que foi atingido pela pandemia de covid-19.

De acordo com a KCNA, os militares foram destacados para fornecer medicamentos de todas as farmácias em Pyongyang.

Apesar dos bloqueios em grande escala, o número de mortes associadas à covid-19 registados a partir de segunda-feira chegou aos 56, para além dos mais de 1.483.060 casos de "febre" e 663.910 de pessoas internadas, disse a agência do país.

Desde que o país anunciou o seu primeiro caso de covid na passada quinta-feira, o líder norte-coreano, Kim Jong Un, assumiu pessoalmente a luta contra a epidemia, que, segundo o mesmo, está a causar "grandes convulsões" no país, cuja população ainda não está vacinada.

O sistema de saúde da Coreia do Norte ficou em 193.º lugar num estudo feito pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos da América, que teve em conta 195 países.

Os hospitais norte-coreanos estão mal equipados, com poucas unidades de cuidados intensivos e os peritos dizem que o país não tem tratamento para a covid-19 nem capacidade para testar em massa a população.

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