PM de Cabo Verde exorta jovens a cumprirem regras para proteger idosos

por Lusa
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O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, apelou hoje aos jovens para cumprirem as regras de distanciamento social e assim proteger os mais idosos da pandemia de covid-19, numa altura de aparente relaxamento das obrigações pela população.

Numa mensagem divulgada hoje, quando se multiplicam os apelos ao cumprimento das medidas do estado de emergência que continua em vigor nas ilhas de Santiago e da Boa Vista até 14 de maio, o chefe do Governo recorda que a população cabo-verdiana com mais de 65 anos corresponde a 6% do total.

"Cerca de 33 mil pessoas concretas, são pais e avós. É muita gente exposta ao perigo. Se mais motivos não houvesse, basta esse número, para justificar a necessidade de todos e, principalmente os mais jovens, cumprirem as regras de proteção sanitária, de confinamento e de distanciamento social para não infetarem os mais idosos", afirmou o primeiro-ministro.

Cabo Verde regista 186 casos diagnosticados de covid-19, distribuídos pelas ilhas de Santiago (127), Boa Vista (56) e São Vicente (03). Duas pessoas, com 62 anos (de nacionalidade inglesa) e mais de 90 anos (cabo-verdiana), acabaram por morrer no país, vítima da doença.

O foco principal da doença é a cidade da Praia (ilha de Santiago), com 124 casos, e que se encontra em estado de transmissão local da covid-19.

Apesar do estado de emergência (que na ilha de Santiago, como na Boa Vista, vigora sem interrupções desde 29 de março), têm sido visíveis na Praia, nos últimos dias, grupos de pessoas nas ruas e enormes filas, por vezes sem distanciamento, para acesso a alguns serviços públicos e bancos.

Recordando que a população de Cabo Verde "é jovem", por isso menos exposta, tendo em conta as "incidências a nível global", às consequências mais gravosas da doença, isso não pode deixar o país "sossegado" ou "indiferente".

"Antes pelo contrário, é necessário proteger os grupos de risco, os idosos, por serem mais vulneráveis às consequências da covid-19, ou seja, a probabilidade de morrerem é elevada", afirmou.

"E quando muitos jovens se infetam, a probabilidade de infetarem os idosos aumenta. Aqui em Cabo Verde o nosso problema não está nos lares de idosos como assistimos na Europa, mas nos contactos que os idosos são expostos por falta de cumprimento das regras por parte daqueles que são mais novos", insistiu.

Desde 18 de março, com a declaração do estado de contingência, que passou depois a estado de emergência, que as visitas aos lares de idosos foram proibidas e os centros de dia foram encerrados, com os cuidados e assistência alimentar a idosos a ser assegurado no domicílio, "para reduzir a exposição aos riscos de contágio".

"Não há super-homens e super-mulheres face à covid-19. Os mais jovens e os mais saudáveis devem proteger-se e proteger os idosos e os menos saudáveis. E a melhor forma de se protegerem e protegerem os seus pais e avós, é cumprirem as regras: ficar em casa, evitar ajuntamentos de pessoas, manter distanciamento, lavar as mãos frequentemente e usar máscaras", insistiu, na mensagem de hoje, o primeiro-ministro.

O Presidente da República de Cabo Verde criticou na terça-feira os "desobedientes" às instruções do estado de emergência no país, classificando-os como "heróis do equívoco" que ameaçam "uma comunidade inteira".

"No meio desta crise, aparecem, amiúde, alguns desobedientes às ordens e instruções fundamentais para o combate, com sucesso, à epidemia, arvorando-se em corajosos, em gente destemida e `livre`, quase heróis", criticou, numa mensagem escrita, Jorge Carlos Fonseca, considerando que se trata de "heróis completamente equivocados".

Desde as 00:00 de 03 de maio que o estado de emergência permanece em vigor apenas nas duas ilhas que concentram a generalidade de casos de covid-19 no país. Trata-se do terceiro período e que entre outras medidas obriga ao dever de recolhimento, de proibição geral de circulação ou ao encerramento de empresas.

O diretor nacional da Saúde cabo-verdiano, Artur Correia, alertou na segunda-feira para um "certo desleixo" no cumprimento de medidas de prevenção da covid-19 em algumas ilhas, avisando que, se não houver mudança de comportamentos, a situação poderá sair do controlo das autoridades.

"Nós estamos numa situação muito preocupante, a situação da covid-19 em Cabo Verde continua a aumentar, sobretudo no concelho da Praia. Apesar dos bons resultados que já temos na Boa Vista, devemos dizer que temos de estar preparados, vamos ter mais casos", alertou Artur Correia.

O responsável de saúde notou que o país não pode viver eternamente em estado de emergência ou de contingência, pelo que apelou às pessoas para mudarem comportamentos.

"Nada é como dantes, e aqui não só as autoridades, mas também as populações têm um papel fundamental. Essa mudança de comportamento está nas nossas mãos. A responsabilidade é nossa", afirmou Artur Correia, dando conta de um "certo desleixo, abrandamento" no cumprimento das medidas, quer de confinamento, quer para evitar aglomeração de pessoas.

Em todo o país, já foram consideradas recuperadas da doença 37 pessoas, enquanto duas pessoas acabaram por morrer, na Praia e na Boa Vista, e dois turistas estrangeiros, também infetados, regressaram aos países de origem, totalizando por isso 145 casos ativos em Cabo Verde.

O número de mortes provocadas pela covid-19 em África subiu hoje para 1.959, com mais de 49 mil casos da doença registados em 53 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 254 mil mortos e infetou quase 3,6 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.

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