25 mil espetáculos adiados. Impacto no sector é "brutal"

por Rosário Lira - RTP
Reuters

Estima-se que até ao momento tenham sido cancelados ou adiados cerca de 25 mil espetáculos e festivais em Portugal. As estimativas são da Associação de Promotores de Espetáculos, Festivais e Eventos (APORFEST) considerando apenas os espetáculos com entrada paga.

"O impacto é brutal. Este ano é um ano perdido para todo o sector", refere à RTP Ricardo Bramão, presidente da APORFEST.

Em relação aos festivais, Ricardo Bramão revelou à RTP que entre 12 de março e 30 de junho estavam calendarizados 46 festivais de música. Destes, 13 foram cancelados, como por exemplo o SWR Barroselas Metal Fest, o Tremor e o MIL, 14 foram adiados, como o ID NO Limits, o OUT.FEST, em Cascais e o Soam As Guitarras "e os restantes anunciarão nestes dias uma destas decisões, comprometendo o ano de 2020 e 2021", refere Ricardo Bramão.

Em relação aos chamados festivais de verão ficou hoje a saber-se que o Rock in Rio Lisboa, agendado para 20, 21, 27 e 28 de Junho passa para 2021, o NOS Primavera Sound Porto foi adiado para setembro, o Festival Internacional de Musica de Marvão também foi adiado para o próximo ano. Já o Festival de Musicas do Mundo, em Sines previsto para acontecer entre 18 e 25 de junho foi cancelado.

Os responsáveis do sector não se querem comprometer com estimativas de prejuízos mas lembram que o ano passado o impacto económico dos festivais foi de 18 mil milhões de euros, considerando não só os bilhetes mas também a alimentação, restauração, hotelaria e transportes.

Uma consulta o Annual Report 2019 da APORFEST permite verificar que o ano passado realizaram-se em Portugal 287 festivais, com um total de 2,1 milhões de espectadores. Mais de 70 por cento destes festivais realizaram-se entre 15 de junho e 15 de setembro. O NOS Alive foi o espetáculo que recebeu mais pessoas, seguido do MEO Sudoeste e do RFM Somnii.

Em postos de trabalho diretos e indiretos o sector emprega mais de 100 mil pessoas. Ricardo Bramão adianta que tem associados que já contactaram a APORFEST para comunicar que vão fechar porque se trata de micro empresas que não tem possibilidade de avançar para linhas de crédito ou para o "lay off" simplificado que não abrange os sócios gerentes.

Mas mais do que estarem parados é a dificuldade que preveem desde já no retomar da atividade, "porque vai ser preciso recuperar a confiança dos espectadores", daí considerar que o ano "está perdido". Os espetáculos, lembra Ricardo Bramão, "foram os primeiros a fechar e não sabem quando podem ser relançados. Há produções preparadas que não sabemos se vão avançar".

Pedem por isso ao governo que os ajude a fazer uma campanha de promoção dos espetáculos que promova em concreto a confiança, sobretudo porque quando a atividade recomeçar provavelmente só poderão contar com o mercado interno.

No imediato pedem que seja possível isentar de IVA os espetáculos que estando marcados para 2020 forem adiados para 2021.

Relativamente ao reembolsos dos bilhetes, Ricardo Bramão refere que as empresas que optarem por fazer alterações que impliquem remarcação até 1 ano (como está previsto na lei) vão propor aos espetadores a manutenção do bilhete para a nova data, caso contrário terão de proceder ao reembolso. Contudo, recorde-se que tanto nos casos de adiamento, como cancelamento, os reembolsos estão suspensos enquanto vigorar o estado de emergência e após este período as empresas tem 90 dias para proceder ao pagamento.
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