"Lisboawood" reflete sobre a cidade, a sua gentrificação e futuro no Teatro Meridional

por Lusa

A peça "Lisboawood", com texto e encenação de João Cachola e música dos Zarco, sobe hoje ao palco do Teatro Meridional, em Lisboa, para pensar em palco questões de gentrificação, especulação e turismo

Coproduzido pela estrutura As Crianças Loucas e pelo Teatro Meridional, a peça tem por objetivo refletir sobre a situação atual da cidade de Lisboa e dos cidadãos residentes, disse à Lusa fonte do Teatro Meridional.

Com 22 jovens atores e músicos em palco, "Lisboawood" gira em torno da crescente afluência turística e da gentrificação registada na capital portuguesa, nos últimos anos, que manteve a marca no espaço urbano, mesmo durante a pandemia.

Por causa da "forte afluência turística que se tem sentido nos últimos anos, a gentrificação da cidade tem-nos obrigado a mover e adaptar a um ritmo alucinante e descontrolado", lê-se na página do espetáculo, no `site` do Teatro Meridional.

"Se, por um lado, o movimento é benéfico, por colocar Lisboa nas bocas do mundo como um paraíso na Europa, obrigando-nos a reinventar, repensar e restaurar a cidade e suas infraestruturas tendo em vista a sã convivência dos que vêm de fora com os que já cá estavam; por outro resulta no término de negócios locais, no decréscimo do nível de qualidade de vida, no despejo dos habitantes do centro histórico e na subida exponencial do arrendamento e compra de casa".

"Este é o momento ideal para refletir acerca do nosso lugar na cidade enquanto jovens e artistas: qual o papel de cada um no meio de tudo isto? Para onde vão os jovens que ingressam agora no mercado de trabalho?", acrescenta o Teatro Meridional.

"Lisboawood" é um espetáculo onde a cidade é palco para a história de uma jovem cheia de planos para o futuro, entre uma antiga geladaria, um circo errante e sujeita a uma burocracia "deliciosamente maléfica".

Esta `ópera rock` de João Cachola e Zarco pretende ser assim "um símbolo alegre apesar da tormenta", com "juventude e vigor apesar da dificuldade de criar raízes", referem As Crianças Loucas.

"Fala ao mesmo tempo da revolta que sentimos e do desejo de levar os nossos projetos e ideias a bom porto, mas também e, talvez, acima de tudo, do amor que temos pela cidade e da vontade de viver nela", afirma esta estrutura, que tem aqui a sua segunda produção.

"Queremos continuar a construir um universo próprio, multidisciplinar, onde um grupo de jovens de diferentes áreas --- teatro, música, dança, artes plásticas, moda, cinema e fotografia --- se reúne para criar um objeto artístico único, capaz de transmitir a energia e jovialidade características da idade e que possa ser, ao mesmo tempo, transversal a todas" essas áreas.

O espetáculo tem texto e direção de João Cachola, que também assina a música original com Zarco.

A interpretar estão 17 atores e cinco músicos, nomeadamente Catarina Rabaça, Cirila Bossuet, Fernão Biu, Gonçalo Bicudo, Guilherme Moura, Inês Pires Tavares, Inês Realista, João Arrais, João Cachola, João Sala, Joe Sweats, Lara Matos, Lara Mesquita, Miguel Galamba, Pedro Santos, Raquel Oliveira, Rodrigo Tomás, Sílvio Vieira, Soraia Tavares, Vasco Batista, Vicente Gil e Vicente Wallenstein.

O cenário é de André Camaleão, Constança Villaverde Rosado e João Camil e, os figurinos, de Madalena Martins.

No desenho de luz está Paulo Santos e, no de som, Diego Salema Reis.

O espetáculo fica em cena até 04 de julho, com representações de quarta-feira a sábado, às 20:00, e, aos domingos, às 18:00.

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