"Mãe" é o novo álbum de Liana e acentua preocupação social de discos anteriores

por Lusa

"Mãe", o novo álbum da cantora Liana a publicar no domingo, fica menos próximo do fado, mais perto de uma expressão "tradicional-popular", e acentua uma preocupação social, de caráter humanista, já presente em discos anteriores.

Em entrevista à agência Lusa, a cantora do Stockholm Lisboa Project, que foi distinguida pela crítica alemã e nomeada para os prémios da revista britânica Songlines, disse que este novo trabalho "está mais próximo" da sua vontade, com uma "nítida preocupação pelo atual rumo da sociedade", em que o título "Mãe" pode aliar-se à ideia de "mãe terra".

"Este novo álbum, produzido por Tiago Machado, que me guiou sem me tirar a espontaneidade e respeitou o que tinha projetado, está mais próximo daquilo que é a minha vontade, deixando-me fluir", disse Liana, em entrevista à Lusa.

O produtor, que compôs "Ó Gente da Minha Terra", para Mariza, acompanha Liana em algumas canções, ao piano e ao acordeão, e o grupo de músicos conta com José Manuel Neto, na guitarra portuguesa, Pedro Jóia, na guitarra clássica, e Marino Freitas, no baixo.

Neste CD, Liana afastou-se do fado, e optou pela "música de veio popular-tradicional" com canções "de nítida preocupação pelo atual rumo da sociedade que não contempla uma alternativa, mais ecológica e humanista", como disse à Lusa.

O título escolhido "Mãe", pode ser entendido "como a `mãe terra`, que devemos respeitar e de quem necessitamos para sobreviver, e como o legado de alerta que quero deixar aos meus filhos", explicou a intérprete.

Liana disse à Lusa que tinha o projeto discográfico em mente e foi pedir a colaboração a diversos autores para escreverem ou comporem sobre determinado tema que quisessem abordar.

"Notícia de Abertura", de José Rebola, letra e música, marca o início do álbum. Liana assina a letra de cinco canções e a música de "Velha Mãe", um poema de Tiago Torres da Silva, que fala da passagem do tempo, da velhice, daqueles que aprendem com a "velha mãe" "o que o tempo não pode ensinar".

Liana assina os poemas "Direito de Vida", musicado por António Dias e Pedro Pinhal, "Imagina a Infância", com música de Custódio Castelo, "Se eu Olhar", para o qual compôs Mário Pacheco, e "Mãe", que tem música de António Zambujo.

Outros autores são Nuno Figueiredo, para "De Mal a Pior", Nuno Nazareth Fernandes, autor da música para um poema de Carlos Baleia, "Sem Saber O Que Fazer", e Pedro da Silva Martins, autor da letra e da música de "Verde Para Crer".

O álbum é constituído por dez canções, a maioria inéditas, excetuando a que fecha o alinhamento, "Que Força é Essa", de Sérgio Godinho, que Liana considera "o remate ideal para o que se desenvolve ao longo do disco".

"Mãe" sucede ao álbum "Embalo", de 2014, no qual Liana gravou, entre outros, sobre os fados José António ("Disse-te Adeus e Morri"), Pena ("É Inútil Lisboa"), e Estela ("Palavra Amena").

Liana que, habitualmente canta na Mascote da Atalaia, em Lisboa, disse estar, atualmente, "parada", devido à pandemia da Covid-19, responsável também pelo cancelamento de espetáculos que tinha previstos para maio, na Suíça e na Alemanha.

A cantora tem agendada uma atuação, promovida pela Câmara de Mafra, no próximo dia 17 de maio, "em sala fechada, para posterior divulgação nas redes sociais" da edilidade.

"Neste espetáculo vou incluir alguns temas do álbum, que conto apresentar com os músicos convidados, e público, lá para o outono", disse.

Liana, que nasceu em Coimbra em 1979, venceu por duas vezes a Grande Noite do Fado de Lisboa, em 1994, como júnior, e em 1996, como sénior. Em 2000, venceu o Festival RTP da Canção com "Sonhos Mágicos".

Nesse ano protagonizou o musical "Amália", de Filipe la Féria, com quem voltou a trabalhar em 2010, em "Fado História de um Povo".

Entre outros projetos, fez parte do Stockholm Lisboa Project e de "From Palestine to Portugal", com a cantora Reem Kelani, no âmbito do Musicport Festival, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.

O CD "Diagonal", que gravou com o Stockholm Lisboa Project, recebeu o Prémio da Crítica alemã e foi nomeado para os prémios da revista britânica Songlines.

Tendo começado a gravar em nome próprio em 1994, quando publicou "Foi Deus", "Mãe" é o seu sexto álbum de estúdio.

Tópicos
pub