Autoeuropa procura exportar 22 mil carros após acordo em Setúbal

por Cristina Sambado - RTP
O acordo assinado esta sexta-feira no Ministério do Mar prevê a passagem imediata ao quadro de 56 trabalhadores precários António Pedro Santos - Lusa

O primeiro-ministro considera positivo o acordo assinado esta sexta-feira entre sindicatos e operadores portuários que garante o regresso à paz social no Porto de Setúbal. Selado o entendimento, Autoeuropa e Operstiva já preparam um plano para exportar 22 mil viaturas até ao final do ano. O Sindicato dos Estivadores e Atividade Logística (SEAL) alertou, entretanto, que a greve às horas extraordinárias é para manter nos demais portos do país.

Costa frisa que o Governo sempre dialogou com a Autoeuropa e com as restantes empresas afetadas pelo protesto.

“O Governo manteve permanentemente o contacto, não só com a Autoeuropa mas com todos as outras empresas afetadas. A Autoeuropa tem acumulado cerca de 21 mil viaturas que aguardavam o desbloqueamento para poderem ser exportadas”, afirmou António Costa no final do Conselho Europeu, em Bruxelas.

“O que é positivo foi ter-se chegado a um acordo que permite a Portugal utilizar plenamente aquela infraestrutura, que é o Porto de Setúbal”, frisou. “A Autoeuropa congratula-se com o sucesso do acordo para o Porto de Setúbal e agradece o empenho do Governo bem como dos operadores portuários e do sindicato dos estivadores”, reagiu a unidade do grupo Volkswagen em Palmela.

Segundo o primeiro-ministro, o protesto no Porto de Setúbal “não foi assunto de referência” por parte da chanceler alemã, Angela Merkel, durante a reunião de chefes de Estado e de Governo da União.

“O porto abriu, o barco chegou para ser carregado, as viaturas que eram para ser exportadas foram exportadas. Se não chegarem mais barcos, foi porque não foram encomendados”, rematou.

O acordo assinado esta sexta-feira no Ministério do Mar prevê a passagem imediata ao quadro de 56 trabalhadores precários e o levantamento de todas as formas de luta, incluindo a greve ao trabalho extraordinário no Porto de Setúbal.

O acordo coloca um ponto final ao conflito com os estivadores precários de Setúbal, que desde 5 de novembro se recusavam a apresentar ao trabalho, e garante também a atribuição de trabalho aos atuais trabalhadores eventuais que vão ser integrados nos quadros dos operadores portuários, face a outros que ainda não estejam a laborar no Porto de Setúbal.

O protesto dos estivadores precários e a greve ao trabalho extraordinário dos trabalhadores dos quadros inviabilizou a exportação de 22 mil viaturas produzidas na fábrica de Palmela, da Autoeuropa.

Devido à paralisação no Porto de Setúbal, a Autoeuropa tem milhares de viaturas parqueadas na Base Aérea do Montijo, no âmbito de um acordo entre a empresa e a Força Aérea.
22 mil viaturas para exportar
A Autoeuropa e a Operestiva já estão a preparar um plano para a exportação de 22 mil viaturas acumuladas durante o protesto dos estivadores do Porto de Setúbal.
Sobre o acordo assinado esta sexta-feira, que prevê a integração de 56 precários como efetivos, o gerente adiantou que 48 vão ficar na Operestiva e oito na Setulsete, outra empresa de trabalho portuário de Setúbal.


“Esperamos que a partir da próxima segunda-feira já seja possível carregar o primeiro navio com automóveis produzidos na fábrica de Palmela”, afirmou à Lusa o gerente da Operestiva, pouco depois da assinatura do acordo.

Segundo Diogo Marecos, “é provável que até ao final do ano seja possível assegurar o transporte das 22 mil viaturas, que representa cerca de 300 milhões de euros, e que têm um grande impacto tanto para a Autoeuropa como para as exportações portuguesas”.

“Se for possível garantir o regresso de todos os armadores que manifestaram a intenção de deixar o Porto de Setúbal, e se o porto voltar a ter uma boa situação como em 2017, acreditamos que daqui a alguns meses, depois de negociarmos o Contrato Coletivo de Trabalho, podermos integrar mais dez a 37 trabalhadores”, acrescentou.

“Um dos armadores da linha de contentores que manifestam a intenção de abandonar o Porto se Setúbal está muito reticente em regressar, mas estamos a trabalhar para que todos regressem”, rematou o responsável pela Operestiva.
Acordo só abrange o Porto de Setúbal
O SEAL recordou que “há outros protestos a decorrer” e que o acordo assinado esta sexta-feira, sob a mediação do Governo, abrange apenas a greve às horas extraordinárias no Porto de Setúbal.

António Mariano, presidente do SEAL, ressalvou qye “há questões por resolver para que a breve prazo acabe também nos outros portos”, nomeadamente no Caniçal, Leixões e Lisboa, onde desde 13 de agosto se mantém a greve às horas extraordinárias.

No final da assinatura do acordo, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, garantiu que a tutela vai continuar a trabalhar “de forma a garantir melhor regulação e supervisão do setor.

c/ Lusa
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