Câmara de Castelo Branco revê relacionamento com CGD caso haja fecho de balcões

por Lusa

O presidente da Câmara de Castelo Branco afirmou hoje que está a ponderar medidas de retaliação no relacionamento do município com a Caixa Geral de Depósitos (CGD), caso o banco público encerre a agência de São Vicente da Beira.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Castelo Branco, Luís Correia, diz que, tratando-se do único banco público português, devia ter outro tipo de sensibilidade para estas situações.

"A solução pode passar por procurar outras alternativas de outros bancos e sensibilizá-los para essa possibilidade (instalação em S. Vicente da Beira), como pode passar por medidas de retaliação do funcionamento da Câmara com o banco (público)", afirmou.

A CGD anunciou, em comunicado, que vai fechar cerca de 70 agências este ano, a maioria já este mês e nas áreas urbanas de Lisboa e Porto.

"Tal como a CGD em diversas circunstâncias já afirmou publicamente, este ano serão encerrados cerca de 70 balcões, a maioria dos quais no final do presente mês de junho. As agências a encerrar foram objeto de análise e, além da sua atividade e resultado económico, foram tidas em consideração questões como as acessibilidades a outras agências da CGD e a mobilidade da população, resultando deste facto que a maioria das agências a encerrar se situe nos maiores centros urbanos do país, com destaque para a Grande Lisboa e o Grande Porto", lê-se na nota.

O autarca de Castelo Branco realça que irá procurar alternativas ao encerramento da agência do banco público na freguesia de S. Vicente da Beira e adianta que já solicitou à CGD que procure "minimizar" os efeitos desta decisão.

"Fiz tudo para que isto não acontecesse. Considerando que é o único banco público, deveria ter outro tipo de sensibilidade para estas situações. Evidentemente que estou contra o encerramento desta agência", frisou.

Luís Correia promete resolver "de outras formas" o assunto e sublinha que irá tomar as medidas que considerar "convenientes" sobre o assunto.

Já o presidente da junta de Freguesia de São Vicente da Beira, Vitor Louro, explicou que a decisão do encerramento da agência está a causar um "verdadeiro pandemónio".

"A maioria das pessoas não está familiarizada com as novas tecnologias. Vou encetar todos os esforços para colocar outra agência (bancária) em São Vicente da Beira", disse.

O autarca sublinha que esta tomada de posição da CGD vai prejudicar, sobretudo, os mais idosos.

"Não compreendo como é que se faz isto do pé para a mão. Isto não é a mercearia da esquina. A agência está aqui há cerca de 25 anos e já chegou a ter cinco funcionários", desabafa.

Vitor Louro explica que a freguesia tem 1.252 habitantes, sendo que a agência da CGD servia não só São Vicente da Beira, como mais cinco freguesias vizinhas.

"A agência mais próxima está a 20 quilómetros de distância, fica em Alcains. Há muito poetas por aí a declamar. É muito triste. A população no Interior é mais velha, temos menos nascimentos, mais mortes. Isto um dia destes é um deserto. Não acredito em milagres. Falam, falam, falam e não dizem nada", concluiu.

A junta de Freguesia de São Vicente da Beira já informou a população sobre o encerramento da agência bancária.

Num comunicado, é explicado que foram desenvolvidos todos os esforços para que o balcão da CGD não encerrasse.

"Por parte da administração da Caixa, fomos informados (na segunda-feira) de que a decisão estava tomada e que é irreversível", lê-se na informação.

Adianta ainda que foi garantida a deslocação de uma carrinha uma vez por semana à freguesia, "em dia a combinar", que irá ficar estacionada em frente às atuais instalações da CGD, "para ajudar os clientes a efetuar movimentos nos dois multibanco e outros".

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