CIP. Empresas "têm de ser rapidamente ajudadas" num novo confinamento

por RTP
António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal CIP

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal, CIP, António Saraiva, compreende as "medidas extraordinárias que o Governo está obrigado a tomar" no combate à pandemia mas exige também "ajudas imediatas" às empresas obrigadas a fechar num curto período.

De acordo com o que foi avançado pelo ministro da economia esta sexta-feira, depois de uma reunião de emergência com os parceiros sociais, o executivo deverá determinar o encerramento do comércio não alimentar e restauração na tentativa de conter a progressão da pandemia.

"Aquilo que devemos ponderar como plausível é o quadro que vigorou durante o mês de abril ou o quadro que vigorou durante a primeira quinzena do mês de maio", disse o ministro em conferência de imprensa.

Pedro Siza Vieira admitiu que o confinamento pode vir a ser decretado por um período de 15 dias e garantiu que o Governo vai ter apoios reforçados para empresas e trabalhadores.
Esta sexta-feira foi o pior dia da pandemia de Covid-19 em Portugal, com mais 118 mortes e 10.176 novos casos em 24 horas.
O Presidente da CIP apoia as decisões do executivo, mas preferia outros caminhos além de um "confinamento rápido", incluindo medidas preventivas e de antecipação.

"Reconhecemos que é muito difícil para qualquer Governo conciliar o combate à pandemia com a manutenção da economia", afirmou António Saraiva entrevistado na RTP.


O presidente da confederação empresarial fez notar contudo que, "na verdade, as empresas que são obrigadas a encerrar para além de todo o esforço que vêm fazendo de março para cá, têm de ser rapidamente ajudadas".

Ajudas "efetivadas"
"As ajudas têm de ser rápidas e imediatas, como imediato vai ser o encerramento de portas" anunciado, opinou António Saraiva, de forma a manter-se o emprego, algo que "se tem conseguido", graças "às empresas" e com surpresa dos "mais pessimistas".

Os investimentos a fundo perdido já prometidos pelo Governo são uma ajuda bem-vinda mas que tem de ser "efetivada", depois de já terem sido adotadas "tardiamente".

"Não basta anunciar, para além de anunciadas têm de ser efetivadas", apelou António Saraiva sobre as ajudas, lembrando que "as empresas não vivem da comunicação das medidas, vivem da aplicação concreta das medidas".

"Essa é a exigência que nós fazemos", sublinhou o presidente da CIP. "Temos de acautelar a saúde pública mas manter a economia, temos de manter a receita dos trabalhadores, as receitas das empresas".

"O confinamento tem de ser inteligente", aconselhou ainda o presidente da CIP, em referência à reunião da Concertação Social desta sexta-feira.Ao manifestar concordância com as medidas com "impacto" no controlo da pandemia de Covid-19, António Saraiva sublinhou a discórdia quanto a "medidas que maioritariamente põem em causa a economia e não asseguram ganhos sanitários".

O presidente da CIP gostaria de ver "outras medidas, outra tipologia", manifestando dúvidas sobre algumas recentemente adotadas, como a dos "horários do Comércio".

As recomendações dos empresários foram transmitidas ao ministro da Economia, Siza Vieira, durante a reunião da Concertação Social e incluem a "generalização dos testes rápidos".

"Não é nas empresas, não é nos locais de trabalho que há focos de infeção", fez notar António Saraiva, para quem Portugal deveria estar a "antecipar as soluções", para não correr por exemplo, "nesta fase", o risco de rotura de material hospitalar.

"Este é um jogo de Seleção, não pode ser um jogo de equipas", sublinhou o presidente da CIP, em que "todos temos de trabalhar em conjunto para encontrar as melhores soluções".
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