A crise do clima, a agitação geopolítica, os conflitos económicos e os fenómenos de polarização política destacam-se na tabela de riscos compilada pelos autores da edição deste ano do Global Risks Report, relatório que antecede a reunião anual do Fórum Económico Mundial na estância suíça de Davos.
“A paisagem política está polarizada, os níveis do mar a subir e os incêndios relacionados com o clima estão a arder”, vinca o presidente do Fórum, Borge Brende, na antecâmara de uma reunião de Davos “verde”, como a classifica a agência Reuters.
A reunião de 2020 do Fórum Económico Mundial (WEF, na sigla inglesa) realiza-se na próxima semana. Para este ano foi escolhido o tema da sustentabilidade.
Na próxima semana, é esperada em Davos a presença do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, uma das vozes menos sensibilizadas para os efeitos das alterações climáticas. Por seu lado, o primeiro-ministro britânico aconselhou os seus ministros a evitar o evento, que é largamente encarado como demasiado elitista. Isto segundo uma fonte do gabinete de Boris Johnson, citada pela Reuters.
Os organizadores do Fórum propõe-se oferecer – pelo menos – a aparência de advogados da neutralidade carbónica, oferecendo veículos elétricos para as deslocações dos convidados e apostando em alimentos locais sem proteína de carne, por exemplo.
Quanto ao relatório, os autores propõe uma estratégia de cooperação entre os líderes mundiais que possa contribuir para desacelerar a degradação ambiental e conter outras ameaças, designadamente à saúde pública e sistemas tecnológicos.
As primeiras cinco posições da lista de prováveis riscos globais são ocupadas por temas ambientais, uma estreia para o WEF. Trata-se de eventos climáticos extremos, do fracasso no combate às alterações climáticas, os desastres e danos ambientais com mão humana, a perda de biodiversidade e catástrofes naturais como terramotos e tsunamis.
“Turbulência geopolítica”
O Global Risks Report aponta ainda inquietações face à “turbulência geopolítica”, defendendo a adaptação dos dirigentes que a causam “à transferência de poderes”, sob pena de deixarem de conseguir reagir “a alguns dos desafios económicos, ambientais e tecnológicos mais urgentes”.
“Este é o ano em que os líderes mundiais devem trabalhar com todos os setores da sociedade no sentido de reparar e revitalizar os nossos sistemas de cooperação, não só para benefícios a curto prazo, mas também para combater os nossos riscos mais enraizados”, vinca Borge Brende.
O relatório sublinha o facto de terem sido os respondentes mais jovens a colocar os riscos ambientais no topo.
“É imperativo que empresas e decisores políticos acelerem a transição para uma economia neutra em carbono e modelos de negócio mais sustentáveis. Já estamos a assistir à destruição de empresas que falharam na hora de alinhar as suas estratégias face a alterações políticas e às preferências dos seus clientes”, afirma, por sua vez, Peer Giger, diretor do grupo Zurich.
O Global Risks Report 2020 foi produzido pelo Global Risks Advisory Board, organismo pertencente ao Fórum Económico Mundial, e contou com os contributos da empresa Marsh & McLennan, do grupo Zurich e consultores académicos da Oxford Martin School - Universidade de Oxford, no Reino Unido -, da Universidade Nacional de Singapura e do Wharton Risk Management and Decision Processes Center - Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos.
c/ agências
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