Disponíveis para o trabalho. Estivadores de Lisboa escrevem a Marcelo e Costa

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
Lusa

O SEAL - Sindicato dos Estivadores e Atividade Logística enviou esta quarta-feira uma carta aberta ao Presidente da República e ao primeiro-ministro a alertar para a incapacidade operacional do porto de Lisboa. Na missiva dão conta da disponibilidade dos estivadores para o trabalho, acusando as grandes empresas que operam o porto de estarem a paralisar a operação.

“Lamentavelmente, este momento tão dramático para Portugal está a ser aproveitado pelos três grupos de empresas de operação portuária que operam no porto de Lisboa para proceder a um despedimento coletivo de todos os estivadores da A-ETPL, e também para perseguir todos os restantes”, refere a carta enviada a Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa.

A carta hoje enviada é mais uma fase do diferendo que opõe quase metade do contingente de estivadores que asseguravam as operações no porto de Lisboa.

O diferendo entre trabalhadores e patrões do porto remete para o processo de insolvência da A-ETPL, empresa de distribuição de mão-de-obra que conta com quase metade dos estivadores da capital e que o SEAL diz estar a ser destruída por aqueles grupos para poderem posteriormente controlar a mão-de-obra disponível.

O sindicato acusa as empresas de terem sequestrado o direito à greve que pertence aos trabalhadores para passarem elas a exercê-lo através do “lockout” aos estivadores da A-ETPL e, dessa forma, sabotarem a operacionalidade, colocando em risco o abastecimento num período crítico de estado de emergência.

“O que nós dizemos na carta aberta é que alguém tem de travar isto, alguém tem de colocar todos os estivadores que estão disponíveis para trabalhar. Independentemente do encerramento da A-ETPL e do despedimento coletivo, questões que serão dirimidas nos tribunais”, lamentou em declarações à Lusa o presidente do SEAL, António Mariano, para deixar uma garantia: “Nós estamos disponíveis para trabalhar”.

Com o despedimento coletivo em curso, metade do efetivo do porto de Lisboa não pode trabalhar, esclarece António Mariano, acrescentando que a outra metade ainda a trabalhar está a ser alvo de “processos disciplinares para despedimento” por parte daquelas empresas, o que leva a que “o trabalho no porto de Lisboa não flua, nem possa fluir, normalmente, por falta de trabalhadores portuários, sendo já claro que os três Grupos não se coíbem de enganar os portugueses, dizendo que o trabalho no porto de Lisboa está a decorrer com toda a normalidade, o que não corresponde minimamente à verdade”.

Perante estas circunstâncias, o SEAL deixa um apelo ao poder público para que “tome medidas, porque qualquer dia não temos estivadores disponíveis para trabalhar”.

Na carta aberta aos responsáveis pelo Estado e pela governação, o sindicato deixa ainda acusações à Administração do Porto de Lisboa: “A entidade competente para agir neste momento tão difícil para Portugal, a APL, nada faz, permitindo que concessionários de um serviço público não prestem o mesmo de acordo com as acuais necessidades do País, preferindo fazer de conta que não vê aquilo que se está a passar, apesar de lhe ser possível constatar as graves consequências que a conduta dos três Grupos está a ter no porto de Lisboa”.

“Como não somos insensíveis ao grave problema que Portugal atravessa neste momento, informamos Suas Excelências de que todos os trabalhadores da A-ETPL, que não está dissolvida e liquidada, estão disponíveis para prestar trabalho no porto de Lisboa, caso as autoridades competentes entendam ser necessário”, termina a missiva dos estivadores, que dizem “não ter qualquer problema em ser colocados diretamente pela APL, ou por qualquer outra entidade, com, ou sem, requisição civil”.


c/ Lusa
Tópicos
pub