Economia europeia aposta na energia eólica marítima

por Carla Quirino - RTP
Turbinas geradoras de energia eólica em alto mar da Holanda Yves Herman - Reuters

A União Europeia pretende que em 2050 um quarto do consumo de energia provenha de uma fonte de electricidade limpa. No Mar do Norte, está a ser instalado o maior parque eólico do mundo em superfície marítima, que irá constituir uma alternativa aos combustíveis fósseis altamente poluentes.

O investimento nestas plataformas das energias renováveis gera novas indústrias e, consequentemente, novos postos de trabalho. Está a nascer a chamada Economia Azul europeia.

Em tempos de desafios ambientais e redução da dependência dos combustíveis fósseis, a União Europeia começou a promover legislação a favor das energias renováveis.

O compromisso da União, ao abrigo do Acordo de Paris de 2015 sobre as Alterações Climáticas, deu luz verde a políticas e “Estratégias sobre Energias Renováveis Marítimas”.

A meta europeia é aumentar em 20 vezes a produção de energia eólica marítima até à década de 50 do século XXI, colocando o Velho Continente num patamar de plena liderança global.


Foto: Yves Herman - Reuters

As regiões costeiras irão beneficiar de novas infraestruturas portuárias, o que se traduz em novas áreas de empregabilidade. Atualmente, contam-se 62 mil empregos nos quais a mão-de-obra qualificada é uma exigência. A tendência é para aumentar as áreas produtivas e renovação das já existentes.

Segundo a WindEurope 2020, a capacidade de energia eólica marítima da Europa, medida em megawatts, nos últimos dez anos, passou de três mil para 22 mil, em 2019.

No Mar do Norte, 94 turbinas eólicas estão a ser implantadas a 22 quilómetros da costa holandesa. Ligadas ao fundo do mar, a uma profundidade de 14 a 40 metros, formarão o maior parque eólico marítimo em águas dos Países Baixos. O objetivo é servir energia a pelo menos um milhão de lares.

A Bélgica protagoniza também um grande investimento no setor eólico.

O porto de Oostende é palco de grande azáfama. Por aqui passa, entre outros, Apollo, um dos recentes e modernos navios que transporta as pás de 81 metros de comprimento que constituem as turbinas.

Estes navios de instalação movem as diferentes peças desde o porto para mar alto onde estão a ser implantados os parques eólicos.


Foto:Carregamento de pá eólica, Porto de Oostende | Euronews

Jan Claes, gestor do projeto da Siemens Gamesa Renewable Energy, citado na Euronews, explica que o crescimento do setor obriga a que a envergadura das pás seja cada vez maior, para produzir mais energia. Quanto mais se produz energia ecológica, mais é consumida. “De uma ponta à outra das pás, cabe um A380, o maior avião de passageiros do mundo. As pás cobrem a superfície de três grandes campos de futebol do campeonato da UEFA”.

As maiores pás de turbinas eólicas do mundo têm 107 metros de comprimento e são produzidas na cidade francesa de Cherbourg, na região da Normandia. “Temos cerca de 400 trabalhadores e o nosso objetivo é, daqui a um ano, estarmos a produzir quatro pás por mês” , declara Eric Petit, diretor da fábrica LM Wind Power, citado na Euronews.

A Dinamarca também está na corrida na produção de energias renóvaveis. No mar Báltico cresce o parque eólico Kriegers Flak, que pretende ficar ligado à rede dinamarquesa e alemã.
  

Foto: Yves Herman - Reuters

A inovação tecnológica não está apenas nas mãos de gigantes. Pequenas empresas, desenvolvidas com financiamentos da União Europeia, apresentam projetos em que a aplicação prática da energia alternativa eólica pode fazer a diferença, por exemplo em pequenas ilhas.

Os equipamentos instalados no mar podem fornecer energia necessária à dessalinização da água em territórios com escassez energética e água doce.


Para a Comissão Europeia, o grande desafio está agora na recuperação económica pós-pandemia da Covid-19. Em cima da mesa está a necessidade de 800 mil milhões de euros de investimento privado, para que o setor eólico continue em expansão.
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