Economia
FMI põe frontalmente em causa resposta alemã à crise
Alarmado com o agravamento da crise na Zona Euro, o Fundo Monetário Internacional tornou público um conjunto de recomendações urgentes que colidem frontalmente com as políticas defendidas pela Alemanha. A diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, avisou que as medidas de longo prazo que vão ser discutidas na cimeira da próxima semana entre os líderes europeus são insuficientes e disse que são imprescindíveis várias ações de efeito imediato que contam com a oposição de Berlim.
Os analistas acreditam que o recado do Fundo Monetário Internacional visa subir a parada antes da minicimeira entre os líderes da França, Alemanha, Itália e Espanha que hoje se realiza em Roma.
No seguimento da reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro, que decorreu na noite de quinta-feira, Christine Lagarde disse que medidas urgentes são necessárias para combater o que descreveu como “situação de stress agudo entre os bancos e os governos”.
Dinheiro dos fundos de resgate deve poder ir diretamente para bancos
No muito curto prazo o FMI aposta na recapitalização direta dos bancos em dificuldades com recurso aos fundos europeus de resgate e pede ao Banco Central Europeu medidas mais criativas para estimular o crescimento.
Entre outros passos o BCE é encorajado a retomar rapidamente o programa de compra de dívida soberana nos mercados secundários que suspendeu há algumas semanas para impedir que a situação na zona monetária comum se continue a degradar e escape totalmente ao controle.
A Alemanha tem-se oposto com firmeza à utilização dos fundos europeus de resgate para recapitalizar bancos, insistindo que, em vez disso, o dinheiro deve ser canalizado através dos governos dos respetivos países, para garantir que os empréstimos sejam pagos.
Espanha: resgate aos bancos engrossa risco do Estado
Como se vê atualmente no caso da Espanha, essa política têm efeitos contraproducentes, pois o empréstimo que os governos pedem para resgatar os bancos passa a engrossar a dívida do Estado, o que por seu lado leva a que os investidores reajam negativamente, e os juros das obrigações soberanas disparem no mercado.
No caso da Espanha e desde que o pedido de ajuda para os bancos foi anunciado, os juros da dívida soberana atingiram recordes da era euro, pondo Madrid à beira de ter de pedir um resgate formal para o país.
Essa “retroalimentação negativa” entre as dívidas dos bancos e do Estado é uma das coisas que o FMI quer cortar e foi também um dos compromissos assumidos pela Europa no comunicado final da recente cimeira do G20 em Los Cabos.
BCE tem de ser mais criativo
Ao Banco Central Europeu, a diretora-geral do FMI pede “uma política monetária criativa” para debelar a fase aguda da crise europeia.
O BCE deve ativar “o programa de compra de obrigações, ou avançar com soluções políticas mais tradicionais, tais como baixar as taxas de juro oficiais”, disse Lagarde, que antes tinha passado a mesma mensagem na reunião a que assistiu o presidente do Banco Central Europeu Mario Monti.
O apoio do FMI a políticas até aqui rejeitadas pelo governo alemão estende-se aos cortes simples na despesa que o Fundo quer substituídos por reformas mais estruturais para relançar o crescimento na Zona Euro.
É assim que Lagarde pede aos países que estão debaixo de pressão dos mercados “uma consolidação orçamental decisiva e credível” mas “centrada em objetivos estruturais e não nominais”.
Traduzindo por miúdos, o FMI defende uma austeridade mais inteligente, que leve em conta os efeitos da recessão, no que se refere à diminuição da receita dos impostos e ao aumento de algumas despesas, como a do subsídio de desemprego.
FMI quer eurobonds
O FMI defende também receitas de longo prazo, que em grande parte coincidem com as propostas que a Comissão Europeia se prepara para apresentar na cimeira do fim do mês e que, nalguns casos, chocam frontalmente com as posições alemãs.
O Fundo quer acelerar a união bancária e preconiza um sistema de supervisão comum dos bancos (uma proposta que agrada aos alemães), mas também defende propostas que são anátema em Berlim, nomeadamente a mutualização gradual da dívida entre os países europeus, os tão badalados eurobonds.
Os passos avançados por Lagarde passam por por um sistema de garantia dos depósitos bancários a nível europeu e um fundo de resgate dos bancos. Se por um lado o FMI diz ser urgente uma união fiscal mais integrada, como pretende Angela Merkel, esta deve vir acompanhada “de eurobonds, com um sistema de passos intermédios, com controlos e supervisões, com regras claras, mas com o objetivo de partilhar os riscos”.
“O FMI acredita que um passo forte e determinado no sentido de uma União Monetária Europeia completa deve ser reafirmado, a fim de restaurar a fé no sistema, pois, como se vê atualmente, a viabilidade do sistema monetário Europeu está a ser questionada”.
Lagarde espera que prevaleça a sabedoria
Christine Lagarde esclareceu que, na sua avaliação de três semanas, o Fundo Monetário Internacional consultou várias instituições europeias mas não se deixou influenciar pelas posições de Berlim.
“Não abordámos as posições políticas de todo e cada um dos Estados membros“, disse a diretora geral do FMI.
“Esperamos certamente que a sabedoria acabe por prevalecer e que a melhor solução possa, pelo menos, ser equacionada, avaliada com os seus prós e contras e acabe por ser considerada globalmente positiva”, acrescentou.
No seguimento da reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro, que decorreu na noite de quinta-feira, Christine Lagarde disse que medidas urgentes são necessárias para combater o que descreveu como “situação de stress agudo entre os bancos e os governos”.
Dinheiro dos fundos de resgate deve poder ir diretamente para bancos
No muito curto prazo o FMI aposta na recapitalização direta dos bancos em dificuldades com recurso aos fundos europeus de resgate e pede ao Banco Central Europeu medidas mais criativas para estimular o crescimento.
Entre outros passos o BCE é encorajado a retomar rapidamente o programa de compra de dívida soberana nos mercados secundários que suspendeu há algumas semanas para impedir que a situação na zona monetária comum se continue a degradar e escape totalmente ao controle.
A Alemanha tem-se oposto com firmeza à utilização dos fundos europeus de resgate para recapitalizar bancos, insistindo que, em vez disso, o dinheiro deve ser canalizado através dos governos dos respetivos países, para garantir que os empréstimos sejam pagos.
Espanha: resgate aos bancos engrossa risco do Estado
Como se vê atualmente no caso da Espanha, essa política têm efeitos contraproducentes, pois o empréstimo que os governos pedem para resgatar os bancos passa a engrossar a dívida do Estado, o que por seu lado leva a que os investidores reajam negativamente, e os juros das obrigações soberanas disparem no mercado.
No caso da Espanha e desde que o pedido de ajuda para os bancos foi anunciado, os juros da dívida soberana atingiram recordes da era euro, pondo Madrid à beira de ter de pedir um resgate formal para o país.
Essa “retroalimentação negativa” entre as dívidas dos bancos e do Estado é uma das coisas que o FMI quer cortar e foi também um dos compromissos assumidos pela Europa no comunicado final da recente cimeira do G20 em Los Cabos.
BCE tem de ser mais criativo
Ao Banco Central Europeu, a diretora-geral do FMI pede “uma política monetária criativa” para debelar a fase aguda da crise europeia.
O BCE deve ativar “o programa de compra de obrigações, ou avançar com soluções políticas mais tradicionais, tais como baixar as taxas de juro oficiais”, disse Lagarde, que antes tinha passado a mesma mensagem na reunião a que assistiu o presidente do Banco Central Europeu Mario Monti.
O apoio do FMI a políticas até aqui rejeitadas pelo governo alemão estende-se aos cortes simples na despesa que o Fundo quer substituídos por reformas mais estruturais para relançar o crescimento na Zona Euro.
É assim que Lagarde pede aos países que estão debaixo de pressão dos mercados “uma consolidação orçamental decisiva e credível” mas “centrada em objetivos estruturais e não nominais”.
Traduzindo por miúdos, o FMI defende uma austeridade mais inteligente, que leve em conta os efeitos da recessão, no que se refere à diminuição da receita dos impostos e ao aumento de algumas despesas, como a do subsídio de desemprego.
FMI quer eurobonds
O FMI defende também receitas de longo prazo, que em grande parte coincidem com as propostas que a Comissão Europeia se prepara para apresentar na cimeira do fim do mês e que, nalguns casos, chocam frontalmente com as posições alemãs.
O Fundo quer acelerar a união bancária e preconiza um sistema de supervisão comum dos bancos (uma proposta que agrada aos alemães), mas também defende propostas que são anátema em Berlim, nomeadamente a mutualização gradual da dívida entre os países europeus, os tão badalados eurobonds.
Os passos avançados por Lagarde passam por por um sistema de garantia dos depósitos bancários a nível europeu e um fundo de resgate dos bancos. Se por um lado o FMI diz ser urgente uma união fiscal mais integrada, como pretende Angela Merkel, esta deve vir acompanhada “de eurobonds, com um sistema de passos intermédios, com controlos e supervisões, com regras claras, mas com o objetivo de partilhar os riscos”.
“O FMI acredita que um passo forte e determinado no sentido de uma União Monetária Europeia completa deve ser reafirmado, a fim de restaurar a fé no sistema, pois, como se vê atualmente, a viabilidade do sistema monetário Europeu está a ser questionada”.
Lagarde espera que prevaleça a sabedoria
Christine Lagarde esclareceu que, na sua avaliação de três semanas, o Fundo Monetário Internacional consultou várias instituições europeias mas não se deixou influenciar pelas posições de Berlim.
“Não abordámos as posições políticas de todo e cada um dos Estados membros“, disse a diretora geral do FMI.
“Esperamos certamente que a sabedoria acabe por prevalecer e que a melhor solução possa, pelo menos, ser equacionada, avaliada com os seus prós e contras e acabe por ser considerada globalmente positiva”, acrescentou.