INE estima 6,3% de taxa de desemprego em abril de 2020 e uma subutilização do trabalho de 13,3%

por RTP
Pedro A. Pina - RTP

Em abril de 2020, a estimativa provisória da taxa de desemprego situou-se em 6,3%, tendo aumentado 0,1 pontos percentuais em relação ao mês anterior. A estimativa provisória da taxa de subutilização do trabalho ascendeu a 13,3%, superior em 0,9 p.p. à do mês anterior. Os dados foram divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística e contemplam um mês de confinamento e em estado de emergência.

Em março de 2020, a taxa de desemprego situou-se em 6,2%, valor inferior ao do mês anterior em 0,2 pontos percentuais (p.p.), em 0,5 p.p. ao de três meses antes e em 0,3 p.p. ao do mesmo mês de 2019.

Comparando com o mês precedente, a população desempregada diminuiu 14,4 mil pessoas (4,3%) e a população empregada diminuiu 26,2 mil pessoas (0,5%). A população ativa diminuiu 40,6 mil pessoas (0,8%) e a população inativa aumentou 39,5 mil pessoas (1,5%).
“Esta evolução sugere a passagem de empregados e de desempregados para a situação de inatividade”, refere o INE.

Em março, a subutilização do trabalho abrangeu 663,6 mil pessoas, o que correspondeu a uma taxa de 12,4%. A subutilização do trabalho é um indicador que agrega a população desempregada, o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inativos à procura de emprego mas não disponíveis para trabalhar e os inativos disponíveis mas que não procuram emprego.

“Dadas as restrições à mobilidade associadas à pandemia, a análise da evolução deste indicador é particularmente relevante neste contexto”, refere o Instituto.

Em síntese, em março de 2020, em relação ao mês anterior, a população ativa diminuiu (40,6 mil) e a população inativa aumentou (39,5 mil). O decréscimo da população ativa resultou do decréscimo da população empregada (26,2 mil) e da população desempregada (14,4 mil), tendo o primeiro explicado 64,5% daquela diminuição.

Em abril, a estimativa provisória da subutilização do trabalho situou-se em 709,8 mil pessoas, o que corresponde a mais 7,0% (46,2 mil) do que a estimativa de março de 2020, a mais 6,0% (40,2 mil) do que em janeiro do mesmo ano e mais 1,5% (10,8 mil) do que em abril de 2019.

A estimativa provisória da taxa de subutilização do trabalho de abril de 2020 foi de 13,3%, tendo aumentado 0,9 p.p. em relação a março de 2020, 0,8 p.p. relativamente a janeiro do mesmo ano e 0,3 p.p. por comparação com abril de 2019.

Relativamente às estimativas provisórias de abril de 2020, a diminuição mensal da população ativa (55,8 mil) resultou do decréscimo da população empregada (58,1 mil) ter mais que compensado o aumento da população desempregada (2,2 mil). Por seu turno, a população inativa continuou a aumentar (56,5 mil). A quase totalidade deste aumento (48,2 mil) foi proveniente do aumento no número de inativos disponíveis mas que não procuram emprego.

A informação deste Destaque é influenciada pela situação atual determinada pela pandemia COVID-19, alerta a entidade, seja pela natural perturbação associada ao impacto da pandemia na obtenção de informação primária, seja pelas alterações comportamentais decorrentes das medidas de salvaguarda da saúde pública adotadas. "Por este motivo, o INE alerta para o especial cuidado a ter na análise das estimativas provisórias apresentadas", alerta a entidade.

O ligeiro aumento mensal da população desempregada e da taxa de desemprego, sugeridos pelas estimativas provisórias de abril de 2020, parecem decorrer das medidas de reabertura da economia iniciadas em maio. A transição do estado de emergência para a situação de calamidade possibilitou a reabertura de diversas atividades económicas, não existindo agora o dever de isolamento social tão restritivo quanto antes.

"Tal terá possibilitado o começo do cumprimento dos critérios de procura ativa de emprego e de disponibilidade para começar a trabalhar, essenciais para a inclusão dos não empregados na população ativa enquanto desempregados", refere o INE.

"O cumprimento de pelo menos um destes critérios refletiu-se igualmente no aumento mensal no indicador de subutilização do trabalho de abril, uma vez que este aumento foi explicado pelos acréscimos observados no número de desempregados, de inativos à procura de emprego mas não disponíveis para começar a trabalhar e no de inativos disponíveis para começar a trabalhar mas que não procuraram trabalho", refere.

Um dos impactos da pandemia COVID-19 nos resultados do Inquérito ao Emprego prende-se com a classificaçãodas pessoas segundo a Condição Perante o Trabalho. De facto, pessoas anteriormente classificadas como desempregadas e pessoas que efetivamente perderam o seu emprego devido à pandemia COVID-19, e que em circunstâncias normais seriam classificadas como desempregadas, podem agora ser classificadas como inativas, devido às restrições à mobilidade, à redução ou mesmo interrupção dos canais normais de informação sobre ofertas de trabalho em consequência do encerramento parcial ou mesmo total de uma proporção muito significativa de empresas, razões pelas quais não fizeram uma procura ativa de emprego (condição essencial para a sua classificação enquanto desempregadas), entre outras restrições.
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