Mário Centeno promete papel ativo de Portugal na zona euro

por RTP
Rafael Marchante - Reuters

Mário Centeno confirmou esta quinta-feira a candidatura ao Eurogrupo. Em conferência de imprensa, o ministro das Finanças diz que se candidata com o objetivo de promover consensos "para completar a União Económica Monetária" e deixa a promessa de que Portugal terá um papel ativo nas discussões.

“Decidi candidatar-me à presidência do Eurogrupo, faço-o enquanto ministro das Finanças do Governo”, afirmou Mário Centeno. O governante acrescentou que o faz com o intuito de promover a “formação dos consensos necessários para completar a União Económica Monetária".

"Vivemos num tempo de decisões importantes na zona euro. Portugal deve participar de forma ativa neste processo, oferecendo o seu contributo”, assinalou.

O ministro das Finanças diz ainda que "o futuro do país está ligado ao da União Europeia e, por isso, a sua candidatura é feita com "espírito construtivo”. Mário Centeno lembrou também a experiência que Portugal viveu no passado recente.

"Mostra como na Europa é possível aliar objetivos de consolidação orçamental e de crescimento inclusivo que gera emprego de qualidade. Portugal soube ultrapassar desafios importantes, alcançando um padrão sustentável de redução da dívida, de fortalecimento do setor financeiro, de melhoria das condições de financiamento da República e de recuperação de empregos", afirmou na conferência que decorreu no Ministério das Finanças.

Mário Centeno quer dar um contributo “construtivo” e encontrar “caminhos alternativos”. Diz estar preparado para ser o porta-voz de um grupo que muitas vezes tem posições com as quais não concorda.
"Não nos diluímos porque participamos"
Mário Centeno diz-se preparado para o desafio, que Portugal não vai abdicar da sua posição, mas que saberá aceitar e acompanhar os consensos que forem gerados no Eurogrupo, mesmo que vão contra a sua posição.

Mário Centeno tem sido muito crítico no que diz respeito às regras europeias que estão na base do cálculo do esforço estrutural que é exigido a cada um dos países. Quando questionado pelos jornalistas sobre como vai concliliar os dois cargos, o ministro disse está preparado para o desafio mas que Portugal não abdicará da sua posição.

“Obviamente, a Europa é uma construção de instituições que são sempre conseguidas por consenso e, nestes ambientes de geração de consensos, nunca abdicaremos da nossa posição, mas estaremos sempre prontos a acompanhar os consensos que são feitos porque é assim que estas instituições evoluíram até hoje e é a boa forma de as fazer evoluir no futuro”.

E acrescentou: “Não nos diluímos porque participamos. Isso é uma visão que não temos e, portanto, vamos ter esse contributo construtivo, crítico às vezes, que permita encontrar caminhos alternativos, mas seguramente num contexto de agregação de vontades como é qualquer ambiente político. Já demonstrámos aliás que o sabemos fazer e trazer isso para o nível europeu será seguramente um desafio, mas um desafio que abraçamos com todo o gosto”.

Centeno salientou ainda que os desafios com que Portugal se deparou são comuns a muitos países europeus e que uma participação ativa do país pode agora ser reforçada.

"Portugal participa ativamente no debate europeu e na formação dos consensos indispensáveis para que possam efetivamente avançar as medidas de reforço da moeda única, que deve ser verdadeiramente vista como uma moeda comum e que tenha aliado o crescimento da economia europeia”, disse Mário Centeno.
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