Perfuração reprogramada, mas primeiro gás do Norte de Moçambique será em 2022 - ENI

por Lusa
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A pandemia da covid-19 levou à remarcação de trabalhos ligados à perfuração do fundo do mar para extrair gás no Norte de Moçambique, mas 2022 mantém-se como ano de início da exploração, disse hoje à Lusa fonte da petrolífera Eni.

"Devido ao impacto das restrições regulamentares e de viagem ligadas à situação pandémica da covid-19, as atividades de perfuração relacionadas com o projeto Coral Sul de exploração de gás natural no Norte de Moçambique foram reprogramadas e serão retomadas sem afetar as metas do projeto", referiu fonte oficial da empresa, em resposta a esclarecimentos sobre o tema.

"Estamos continuamente a monitorizar e a rever a situação em todos os locais de construção e fabrico para prevenir e minimizar o impacto do novo coronavírus no projeto Coral Sul", acrescentou.

A extração, liquefação e exportação de gás natural será feita através de uma plataforma flutuante em construção num estaleiro sul-coreano da Samsung Heavy Industry (SHI).

A construção decorre "conforme planeado, com impactos negligenciáveis da covid-19".  

"A Eni e os seus empreiteiros, em conformidade com as autoridades da Coreia do Sul, estão a seguir protocolos muito rigorosos para preservar a saúde de todo o pessoal envolvido nas atividades de execução no estaleiro", acrescenta a petrolífera.

O megaprojeto Coral Sul será o primeiro a arrancar dos três planos aprovados para a bacia do Rovuma, no Norte de Moçambique, ao largo da costa de Cabo Delgado.

Terá uma capacidade de produção de cerca de 3,4 milhões de toneladas por ano (mtpa) de LNG (gás natural liquefeito, sigla inglesa).

De acordo com dados da ENI, a plataforma flutuante será alimentada por seis poços submarinos que começaram a ser perfurados em setembro de 2019.

Os poços terão uma profundidade média de cerca de 3.000 metros para o interior da crosta terrestre e serão feitos num fundo que está sob 2.000 metros de água do oceano Índico.

A construção de todos os componentes está a decorrer em sete centros de trabalho em vários locais do mundo.

A zona Coral Sul faz parte da Área 4 de exploração de gás natural operada pela Mozambique Rovuma Venture (MRV), uma `joint venture` em copropriedade da ExxonMobil, Eni e CNPC (China), que detém 70 por cento de interesse participativo no contrato de concessão.

A Galp, KOGAS (Coreia do Sul) e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (Moçambique) detém cada uma participações de 10%.

Os outros planos de desenvolvimento aprovados para a bacia do Rovuma do Norte de Moçambique incluem o megaprojeto liderado pela petrolífera Total na Área 1, em construção na península de Afungi, Cabo Delgado e cujo início de exploração está marcado para 2024 com uma produção de 12,88 mtpa.

O terceiro plano aprovado diz respeito também a infraestruturas em Afungi para receber gás da zona Mamba da Área 4 (produção prevista de 15 mtpa), mas a petrolífera ExxonMobil adiou para data a definir a decisão final de investimento que estava prevista para este ano, devido a cortes em investimento provocados pela covid-19.

Moçambique tem 46 casos confirmados da covid-19.

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 190 mil mortos e infetou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 708 mil doentes foram considerados curados.

 

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