Quem são os donos da AstraZeneca?

por Cristina Sambado - RTP
Reuters

Muitas das suas fábricas estão no continente europeu. A sede localiza-se em Cambridge, no Reino Unido. Um olhar sobre a identidade dos proprietários da AstraZeneca, que nasceu em 1998 a partir da fusão da sueca Astra e da britânica Zeneca, leva-nos até ao outro lado do Atlântico. O BlackRock, o maior fundo de investimento do mundo, é um dos principais acionistas, entre os quais está também o banco de investimentos norte-americano Goldman Sanchs, o Bank of America ou a gigante Fidelity, que administra cerca de cinco mil milhões de dólares em ativos.

A propriedade do fabricante europeu da vacina contra o SARS-CoV-2 é fortemente fragmentada. Ninguém possui mais de dois por cento. Os fundos californianos Primecap (1,9 por cento) e Wellington, com sede em Boston (1,85 por cento) e com mais de um mil milhão de dólares sob gestão, figuram como maiores acionistas uma lista que inclui 851 empresas, lê-se no jornal espanhol El País.

A Primecap assegura que tem uma filosofia de investimento a longo prazo, baseada num horizonte de três a cinco anos, e tendo em conta que várias das suas compras foram feitas entre 2016 e 2017, altura em que a empresa estava cotada a praticamente metade do que está hoje, o investimento feito está a render grandes lucros. A capitalização da empresa em bolsa ronda os 109 mil milhões de euros.

A AstraZeneca tem como CEO o francês Pascal Soriot, que chegou ao cargo em 2012, depois de sair da farmacêutica suíça Roche, para substituir o norte-americano David Brennan, que foi pressionado a abandonar a empresa devido aos maus resultados.


A gestão de Pascal Soriot está sob intenso escrutínio, após o contínuo incumprimento dos compromissos de fornecimento de vacinas na países da União Europeia, aos quais entregou 30 milhões de doses no primeiro trimestre, um terço dos 90 milhões previstos no contrato inicial, e menos 25 por cento do que estava acordado em fevereiro.

A economia europeia está dependente do sucesso da campanha de vacinação e violar esse acordo pode sair muito caro a Pascal Soriot.


A compatriota ministra da Indústria de França, Agnes Pannier-Runacher, afirmou no passado mês que Soriot estava “no limite” após os repetidos atrasos na entrega das vacinas.

“Acho que ele está ciente disso”, acrescentou a governante sobre a possibilidade de o confronto entre a AstraZeneca e a União Europeia acabar por custar a Soriot o cargo de CEO.
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