Sindicato acusa empresa que opera no Douro de querer despedir 30 trabalhadores

por Lusa

Redação, 31 mar 2020 (Lusa) -- O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte acusou hoje uma empresa turística cipriota que opera no rio Douro de estar a tentar despedir "todos os seus 30" trabalhadores.

Nuno Coelho, dirigente do sindicato afeto à CGTP, disse à agência Lusa que os trabalhadores entraram ao serviço desta empresa a 25 de fevereiro e que, poucos dias depois, foram surpreendidos com a suspensão do trabalho e, agora, com o despedimento.

A Associação das Atividades Marítimo-Turísticas do Douro (AAMTD) anunciou no dia 16 de março que as empresas de cruzeiros decidiram suspender voluntariamente todas as atividades turísticas na região devido à atual situação de emergência em que o país se encontra provocada pelo novo coronavírus.

O responsável explicou que a empresa, que tem sede no Chipre, estava a arrancar este ano com a operação no Douro, com uma embarcação turística.

Nuno Coelho disse que a operadora turística "mandou uma carta a todos os trabalhadores para obter o acordo destes na revogação do contrato de trabalho com efeito a 31 março", acordo esse que "não foi aceite pelos colaboradores".

"Mas a empresa informou que não vai pagar o salário de março na totalidade, que vai pagar apenas os dias que os trabalhadores efetivamente trabalharam em março, ou seja, vai pagar cinco ou seis dias a cada trabalhador", referiu ainda o sindicato, em comunicado.

Ao despedimento acresce, segundo Nuno Coelho, outra dificuldade que é o facto da empresa "ainda não ter tratado do modelo para o desemprego" e de "fazer os descontos para a segurança social do Chipre".

Segundo o sindicalista, a operadora turística informou, entretanto, os trabalhadores que está a "analisar a situação" e a "ver a possibilidade, através de um modelo dos estados membros da União Europeia, de requerer o fundo de desemprego".

Os trabalhadores, na sua opinião, ficam numa "situação muito vulnerável" e arriscam-se a "ficar sem rendimentos".

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 791 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 38 mil.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 160 mortes, mais 20 do que na véspera (+14,3%), e 7.443 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 1.035 em relação a segunda-feira (+16,1%).

Dos infetados, 627 estão internados, 188 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.

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