TAP. Governo a contar com "sentido de responsabilidade" dos trabalhadores

por RTP
José Sena Goulão - Lusa

No dia em que os trabalhadores da TAP levaram a cabo uma marcha de protesto, o Ministério das Infraestruturas e da Habitação veio afirmar que “compreende o momento difícil”. Mas sublinhou que “o plano de reestruturação está a ser executado com sucesso”, apelando ao “sentido de responsabilidade e de compromisso” por parte dos profissionais.

“O Ministério das Infraestruturas e da Habitação tem acompanhado de perto as reivindicações e os apelos expressos pelos trabalhadores da TAP ao longo dos últimos meses e compreende o momento difícil por que passam todos aqueles que, todos os dias, permitem à companhia operar”, começa por escrever, em comunicado, o gabinete de Pedro Nuno Santos.

“Porém, é preciso não esquecer que a companhia aérea atravessa ainda aquele que é o momento mais desafiante da sua história. A TAP vive as consequências do ano dramático de 2020, quando o encerramento da empresa foi apenas travado pela injeção de fundos públicos, por parte do Estado português, num valor que vai atingir os 3,2 mil milhões de euros”, prossegue o Ministério.

“Essa injeção de fundos públicos só foi autorizada pela Comissão Europeia por estar sujeita a um plano de reestruturação exigente, que terminará apenas em 2025. Este plano – que foi aprovado há menos de oito meses - só foi autorizado porque contou com um substancial contributo por parte dos trabalhadores, traduzido na redução do número de efetivos na empresa (um processo já encerrado) e na redução dos salários dos trabalhadores que permaneceram na TAP”, lê-se no mesmo comunicado. Ainda de acordo com a tutela, “o processo de redução de custos laborais na empresa resultou de acordos assinados com 14 organizações representativas dos trabalhadores, que demonstraram enorme sentido de responsabilidade e de compromisso com a recuperação da empresa”.


“Num momento em que o plano de reestruturação está a ser executado com sucesso - mesmo num contexto internacional muito exigente, do ponto de vista económico e operacional, o Ministério das Infraestruturas e da Habitação conta com o mesmo sentido de responsabilidade e de compromisso por parte dos trabalhadores para transformar a TAP numa empresa rentável e sustentável no futuro”, conclui.
Marcha de protesto
Três sindicatos do setor da aviação convocaram para a manhã desta terça-feira uma marcha silenciosa em direção ao Ministério das Infraestruturas e Habitação. Entregaram um manifesto endereçado ao ministro das Infraestruturas em que se queixas de erros de gestão da companhia e em que pedem que o ministro assuma que errou.

"Esta gestão não faz um único ato que nós consigamos dizer que foi um bom ato de gestão (...) Não o está a fazer, não o fez e temos dúvidas que o fará", diz um dos representantes das estruturas sindicais.
Os sindicatos falam de “erros constantes” e dizem que não querem encontrar culpados, mas querem “soluções” e a “salvação da TAP” usando a oportunidade de uma reestruturação para “fazer da TAP o que merece ser” e para a tornar competitiva e não a “Tapzinha” que dizem ser a empresa neste momento.

Os representantes das estruturas sindicais de pilotos, pessoal de cabine e técnicos de manutenção repudiam as críticas feitas pela TAP em comunicado, garantindo que não falam através da comunicação social. Dizem sim que os trabalhadores estão “cansados, esgotados” de constantes reuniões e dos erros de gestão.

Os sindicatos realçam que no protesto em Lisboa participam pessoas no seu tempo livre, não interferindo com o horário de trabalho.
Comissão Executiva repudia "constante tentativa de ataques"
Por sua vez, a Comissão Executiva da TAP veio já esta terça-feira repudiar, em comunicado, o que descreveu como uma "constante tentativa de ataques à sua credibilidade e competência".

Na passada sexta-feira, as direções do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) e do Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA) anunciaram este protesto, que junta "pela primeira vez na história da aviação nacional, pilotos, pessoal de cabine e técnicos de manutenção".
A "Comissão Executiva da TAP lamenta e repudia a constante tentativa de ataques à sua credibilidade e competência, os julgamentos de intenções e a cada vez mais frequente apresentação de factoides avulso, propositadamente descontextualizados, distorcidos e até, nalguns casos, completamente falsos, com que alguns sindicatos bombardeiam constantemente a comunicação social".

A estrutura enfatiza ainda que "está, desde sempre, disponível, para o diálogo com todos os sindicatos e nas múltiplas reuniões que tem mantido com os responsáveis sindicais" e "presta toda a informação que é solicitada e procura, de boa-fé, esclarecer todas as questões e dúvidas que são suscitadas", mas "não dialoga com os sindicatos através de comunicados de imprensa ou de declarações públicas que possam gerar títulos de notícias".
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