Trabalhadoras da Triumph mantêm vigília para impedir saída de equipamento

por RTP
Tiago Petinga - Lusa

Cerca de seis dezenas de trabalhadoras da antiga fábrica Triumph mantêm-se à porta da empresa para impedir que a administração retire das instalações equipamento, automóveis ou produtos acabados. As trabalhadoras têm recebido solidariedade de várias proveniências, nomeadamente dos escuteiros.

Depois de mais de meio século de actividade em Portugal, iniciada em 1961, a antiga fábrica Triumph foi vendida à "Têxtil Gramax Internacional" em Maio de 2016. Em 13 de dezembro último, a administração desta nova empresa anunciou a intenção de pedir a insolvência.

O pessoal da empresa - cuja grande maioria é constituída por 460 mulheres - constatou entretanto pelo menos uma tentativa da administração para retirar da empresa material que, no momento em que a falência for declarada, servirá para pagar dívidas.

A dívida às trabalhadoras inclui o subsídio de Natal, o salário de dezembro e parte do salário de novembro. As trabalhadoras impediram a primeira tentativa de esvaziamento das instalações e montaram à porta da empresa um piquete de vigilância que aí tem estado, ininterruptamente, desde as 16h30 de sexta-feira.

As trabalhadoras têm-se revezado no piquete, em turnos de quatro horas, de modo a manter uma presença permanente de seis dezenas de pessoas. O propósito que declararam é o de manter essa vigilância até que seja nomeado pelo tribunal um administrador judicial para o processo de falência.

A partir de segunda-feira, a vigilância voltará a ser feita dentro das instalações durante o horário de trabalho. Mas por agora as trabalhadoras têm precisado de organizar o abastecimento de géneros e de roupa quente, para combater o frio, principalmente durante a noite.

Para o efeito, têm recebido solidariedade de variadas proveniências. Parte dela não surpreende: as bandeiras da CGTP são visíveis no local, a lenha e o fogareiro vieram do PCP de Sacavém. O presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares (PCP), esteve a visitar as trabalhadoras de piquete, bem como uma delegação do Movimento Democrático das Mulheres (MDM).

Mas a solidariedade mais inesperada veio dos escuteiros de Sacavém que, sensíveis às necessidades de combate ao frio, emprestaram à trabalhadoras uma pequena tenda das que usam habitualmente.
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