Cerca de seis dezenas de trabalhadoras da antiga fábrica Triumph mantêm-se à porta da empresa para impedir que a administração retire das instalações equipamento, automóveis ou produtos acabados. As trabalhadoras têm recebido solidariedade de várias proveniências, nomeadamente dos escuteiros.
O pessoal da empresa - cuja grande maioria é constituída por 460 mulheres - constatou entretanto pelo menos uma tentativa da administração para retirar da empresa material que, no momento em que a falência for declarada, servirá para pagar dívidas.
A dívida às trabalhadoras inclui o subsídio de Natal, o salário de dezembro e parte do salário de novembro. As trabalhadoras impediram a primeira tentativa de esvaziamento das instalações e montaram à porta da empresa um piquete de vigilância que aí tem estado, ininterruptamente, desde as 16h30 de sexta-feira.
As trabalhadoras têm-se revezado no piquete, em turnos de quatro horas, de modo a manter uma presença permanente de seis dezenas de pessoas. O propósito que declararam é o de manter essa vigilância até que seja nomeado pelo tribunal um administrador judicial para o processo de falência.
A partir de segunda-feira, a vigilância voltará a ser feita dentro das instalações durante o horário de trabalho. Mas por agora as trabalhadoras têm precisado de organizar o abastecimento de géneros e de roupa quente, para combater o frio, principalmente durante a noite.
Para o efeito, têm recebido solidariedade de variadas proveniências. Parte dela não surpreende: as bandeiras da CGTP são visíveis no local, a lenha e o fogareiro vieram do PCP de Sacavém. O presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares (PCP), esteve a visitar as trabalhadoras de piquete, bem como uma delegação do Movimento Democrático das Mulheres (MDM).
Mas a solidariedade mais inesperada veio dos escuteiros de Sacavém que, sensíveis às necessidades de combate ao frio, emprestaram à trabalhadoras uma pequena tenda das que usam habitualmente.