A questão "mais urgente" a resolver na União Europeia é a "recuperação do controlo das fronteiras externas", considerou esta quarta-feira o presidente do Conselho Europeu, o polaco Donald Tusk, antes da cimeira extraordinária de chefes de Estado e de governo europeus sobre a crise migratória.
O presidente do Conselho alertou ainda para o risco de a Europa vir a receber "milhões de refugiados" e não "milhares", já que os conflitos que levam as pessoas a fugir dos seus países não vão "cessar nos próximos tempos".Desde o início do ano entraram na Europa mais de meio milhão de refugiados e migrantes.
"Os nossos parceiros necessitam da nossa ajuda", acrescentou, referindo-se aos países vizinhos da Síria, como a Jordânia, o Líbano e a Turquia, que receberam já milhões de refugiados.
A semana passada, Tusk escreveu uma carta ao líderes europeus a alertar para o facto do PAM estar a cortar as rações distribuídas nos campos de refugiados da Turquia, do Líbano e Jordânia, por falta de meios. Calcula-se que estes países estejam a acolher quatro milhões de pessoas.
É "uma questão que não pode esperar", sublinhou então Donald Tusk. "O PAM necessita de dinheiro para fornecer alimentos a 11 milhões de pessoas na Síria e na região", afirmava o presidente do Conselho Europeu na carta aos chefes de Estado e de Governo da União Europeia.
Tusk revelou que vai propor na Cimeira "medidas a curto prazo", incluindo auxílio à Turquia e às agências humanitárias que operam os campos de refugiados.
"Hoje devemos preparar um plano concreto" afirmou ainda o presidente do Conselho Europeu, repetindo o seu apelo aos Estados-membros para que deixem de se criticar mutuamente.
"Complexo"
Os líderes europeus deverão apresentar esta tarde a constituição de um fundo de emergência de milhares de milhões de euros para tentar resolver a crise migratória.
Os parceiros europeus conseguiram ontem um acordo para distribuir entre si 66.000 refugiados, com outros 54.000 a permanecer "depositados" na Hungria.
A Comissão Europeia terá deixado cair a obrigatoriedade das quotas proposta inicialmente, mas mesmo assim quatro países - Hungria, Roménia, República Checa e Eslováquia - opuseram-se aos planos e a Finlândia absteve-se.
Apesar da oposição, a Comissão Europeia espera vir a impor aos recalcitrantes o acordo obtido ontem e que deverá ser assinado pelos 28 esta quarta-feira, apesar de ser considerado "complexo", "insuficiente" e "de circunstância".