Moscovo acusa Kiev de intensificar ataques aéreos para travar negociações

O Ministério russo da Defesa acusou, esta terça-feira, a Ucrânia de estar a intensificar os ataques aéreos na Rússia "com o objetivo de travar o processo de negociação" entre os dois países. O presidente ucraniano, por sua vez, alertou que a Rússia está a preparar novas ofensivas terrestres e reforçou as defesas aéreas, depois de ter sido alvo de ataques aéreos maciços russos nos últimos três dias.

Mariana Ribeiro Soares - RTP /
EPA

"Por iniciativa da Federação Russa, foi retomado o diálogo direto entre a Rússia e a Ucrânia sobre a solução pacífica do conflito na Ucrânia" em Istambul há cerca de dez dias, começou por afirmar o ministério russo em comunicado.

"Ao mesmo tempo, o regime de Kiev, com o apoio de alguns países europeus, tomou uma série de medidas provocatórias com o objetivo de interromper o processo negocial", acrescentou, afirmando que, desde 20 de maio, a Ucrânia “aumentou os seus ataques com recurso a drones e mísseis” contra instalações civis na Rússia. Moscovo afirma que os recentes ataques na Ucrânia foram “uma resposta a ataques maciços de drones ucranianos" contra civis russos.

O Ministério russo da Defesa disse ter abatido 99 drones ucranianos durante a última noite. A Rússia, por sua vez, lançou 60 drones contra a Ucrânia durante a noite, provocando pelo menos dez feridos, segundo as autoridades de Kiev.

Entre sábado e segunda-feira, a Rússia lançou três ataques aéreos maciços utilizando aeronaves não tripuladas e mísseis, resultando em mais de uma dúzia de mortes em toda a Ucrânia. Só na noite de domingo, a Força Ucraniana disse que a Rússia lançou um número recorde de 355 drones, tendo provocado 13 mortos, incluindo três crianças da mesma família.

Esta onda de ataques russos levou o presidente norte-americano, Donald Trump, a endurecer a sua postura em relação Moscovo, considerando que o presidente russo, Vladimir Putin, ficou "absolutamente louco".
Ucrânia reforça defesas aéreas
Enquanto a Rússia aumenta os ataques com drones, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky alertou esta segunda-feira que o inimigo está a preparar novas ofensivas terrestres e anunciou ter pedido um reforço das defesas aéreas para conter os ataques.

"Podemos ver, através de informações dos serviços de informação e de fontes abertas, que Putin e a sua comitiva não planeiam terminar a guerra. Atualmente, não há indícios de que estejam a considerar seriamente a paz ou a diplomacia. Pelo contrário, há amplas provas de que estão a preparar novas operações ofensivas", disse Zelensky.


Zelensky anunciou também no seu discurso um aumento na produção de drones de interceção para conter ataques russos maciços, afirmando que vão procurar “financiamento adicional” dos seus parceiros para o apoiar.

O presidente ucraniano voltou a pedir mais sanções da comunidade internacional contra a Rússia e apoio adicional à Ucrânia para forçar Moscovo a cumprir o cessar-fogo de pelo menos 30 dias que Kiev procura para impulsionar as conversações de paz.

Zelensky disse ainda que, uma semana depois de o presidente Vladimir Putin ter dito que iria colocar as suas condições para declarar este cessar-fogo por escrito, a Rússia ainda não apresentou o documento.
Rússia diz estar a trabalhar em memorando de paz
Esta segunda-feira, o Ministério russo dos Negócios Estrangeiros disse que ainda estão a trabalhar no memorando que estabelece os princípios de um possível futuro acordo de paz para pôr fim ao conflito.

"A Rússia continua a desenvolver um projeto de memorando sobre um futuro tratado de paz, definindo uma série de posições, tais como os princípios de solução, o momento de um possível acordo de paz e um possível cessar-fogo durante um determinado período de tempo, se forem alcançados acordos apropriados", disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova.


Após uma chamada telefónica com o presidente norte-americano, na semana passada, Vladimir Putin abriu caminho a contactos com Kiev ao concordar trabalhar com a Ucrânia num memorando sobre possível acordo de paz.

Putin disse que o memorando definiria os princípios de um possível acordo, o calendário de um possível acordo de paz e detalhes sobre um possível cessar-fogo.

Maria Zakharova disse que continuam a trabalhar no documento e que assim que estiver pronto, será entre à Ucrânia.
PUB