Contenção de danos. Casa Branca esclarece que EUA não vão assumir controlo de Gaza

Depois de Donald Trump ter sugerido que os Estados Unidos "assumissem o controlo" de Gaza e a transformassem numa espécie de Riviera, as principais figuras da sua Administração apressaram-se a conter os danos. O secretário de Estado Marco Rubio esclareceu que o presidente apenas quer ajudar a reconstruir o território, enquanto a porta-voz da Casa Branca assegurou que qualquer deslocação de palestinianos seria temporária e que não serão enviadas tropas para o terreno.

Joana Raposo Santos - RTP /
A porta-voz da Casa Branca explicou que qualquer deslocação de palestinianos seria temporária. Foto: Leah Millis - Reuters

Numa conferência de imprensa na Cidade da Guatemala esta quarta-feira, Rubio afirmou que a “oferta única” de Trump é que os Estados Unidos intervenham para limpar os destroços e a destruição em Gaza, sendo que as pessoas terão de viver noutro lugar enquanto a cidade é reconstruída.

“A única coisa que o presidente Trump fez - muito generosamente, na minha opinião - foi oferecer a disponibilidade dos Estados Unidos para intervir, limpar os escombros, limpar o local de toda a destruição”, incluindo munições não detonadas, “para que as pessoas possam voltar a instalar-se”, elucidou.

Parecendo querer moderar as declarações de Donald Trump, o secretário de Estado assegurou que não se trata de uma medida hostil e adiantou que os pormenores ainda precisariam de ser definidos. As declarações de Donald Trump suscitaram um coro de críticas de todas as frentes.

Na terça-feira, o presidente dos Estados Unidos anunciou a intenção de que o país “assuma o controlo” do território palestiniano, sugerindo que os habitantes se deslocassem permanentemente para outro local.

“Se olharem para Gaza, quase nenhum edifício está de pé e os que ainda estão de pé estão quase a cair. Não se pode viver em Gaza neste momento”, afirmou Trump, lado a lado com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

Confiante de que o povo palestiniano quer abandonar o território a que agora chama casa, o presidente dos EUA propôs reassentá-lo “permanentemente em boas casas onde podem ser felizes e não ser alvejados, não ser mortos”.
Trump “não se comprometeu a enviar tropas”
Num outro esforço de controlo de danos, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, quis esclarecer que os Estados Unidos não vão financiar totalmente a reconstrução de Gaza.

“Os Estados Unidos não vão financiar a reconstrução de Gaza”, declarou diante dos jornalistas esta quarta-feira. “A Administração vai trabalhar com os seus parceiros na região para reconstruir” o território, adiantou.

“Os Estados Unidos devem estar envolvidos neste esforço de reconstrução”, continuou, mas “isto não significa que haverá tropas [americanas] no terreno em Gaza, nem que os contribuintes americanos financiarão este esforço”.
“O presidente não se comprometeu a enviar tropas para o terreno em Gaza”, insistiu Leavitt quando questionada por um jornalista. “O presidente não se comprometeu com isso neste momento”.
Na terça-feira, durante as suas declarações polémicas, Trump foi questionado sobre se iria enviar tropas americanas para a Palestina. “Faremos o que for necessário. E se for necessário, fá-lo-emos. Vamos apoderar-nos dessa parte”, respondeu então.

A porta-voz da Casa Branca explicou também que qualquer deslocação de palestinianos seria temporária. “O presidente deixou claro que é necessário retirar temporariamente as pessoas de Gaza para a reconstrução”, afirmou.

“Neste momento, [Gaza] é um local de demolição. Não é um sítio habitável para nenhum ser humano. E penso que é realmente muito maléfico sugerir que as pessoas devam viver em condições tão terríveis”, opinou a responsável.

Donald Trump “está determinado a reconstruir a região para todos aqueles que querem regressar, assim que deixe de ser um local de demolição e passe a ser um local onde as pessoas possam viver em harmonia, como ele disse”, vincou.
Plano de Trump equacionado “há algum tempo”
Também Steve Witkoff, enviado especial do presidente para o Médio Oriente, transmitiu aos senadores republicanos, num almoço à porta fechada no Capitólio, que Donald Trump “não quer colocar tropas dos EUA no terreno e não quer gastar nenhum dólar americano” em Gaza.

Um dos republicanos presentes no almoço perguntou a Witkoff se os comentários de Trump foram feitos no calor do momento. O enviado especial respondeu que a Administração está a “equacionar este plano já há algum tempo”, revelou um senador à imprensa norte-americana.

No entanto, nas declarações da porta-voz Karoline Leavitt esta quarta-feira, a responsável garantiu que não existia qualquer plano escrito acerca das intenções de Trump.

c/ agências
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