Madleen. Navio com ativistas chegou a porto israelita após apreensão

O navio intercetado transportava ajuda humanitária para Gaza e levava 12 ativistas a bordo, incluindo Greta Thunberg e a eurodeputada Rima Hassan. A embarcação chegou ao porto israelita de Ashdod esta segunda-feira pelas 17h45 locais (16h45 em Lisboa) escoltado por duas embarcações da Marinha israelita, adianta a agência France Presse. O MNE israelita indicou que os ativistas estão a fazer exames para garantir que "estão bem de saúde".

RTP /
Foto: Jack Guez - AFP

As forças israelitas apreenderam o barco de ajuda humanitária que seguia para Gaza e detiveram os ativistas que se encontravam a bordo. A viagem, organizada pelo grupo Flotilha da Liberdade, procurava sensibilizar para a situação no enclave palestiniano, onde persiste um bloqueio de longa data no acesso à ajuda humanitária.

De acordo com o grupo, há 19 horas que não é possível estabelecer qualquer contacto com os ativistas
. O navio transportava ajuda humanitária para Gaza e navegava sob bandeira do Reino Unido quando foi apreendido.

“Estes cidadãos navegavam pacificamente ao abrigo do Direito Internacional, em águas internacionais, e Israel raptou-os à força”, disse Huwaida Arraf, cofundadora do Movimento de Solidariedade Internacional e organizadora da Flotilha da Liberdade, à Al Jazeera. “Isto foi feito, como afirma Israel, para ‘manter a reclusão marítima de Gaza’ – algo que não tem autoridade para fazer.”

Arraf criticou também o Governo britânico por não ter emitido uma condenação veemente da apreensão e pediu à comunidade internacional pela condenação deste ato.

Os 12 ativistas continuam detidos pelas autoridades israelitas e devem ser deportados nos próximos dias. Ao final do dia, o Ministério israelita dos Negócios Estrangeiros indicou que os 12 passageiros estão a ser submetidos a exames médicos para garantir que "estão bem de saúde". Na publicação, Telavive refere-se pejorativamente à embarcação como “Iate das Selfies”.

Seis dos 12 ativistas a bordo do navio apreendido pelo exército israelita são franceses. Dois deles são jornalistas: Omar Faiad, que trabalha para o canal qatari Al-Jazeera, e Yanis Mhamdi, que trabalha para o meio de comunicação online Blast, de acordo com um comunicado da ONG Repórteres Sem Fronteiras, que "condena veementemente a [sua] detenção (...) pelo exército israelita".

A nível diplomático, a França "transmitiu todas as mensagens" a Israel para garantir que a "proteção" dos seus seis cidadãos "está assegurada" e que estes devem regressar a solo francês “o mais rapidamente possível”
, declarou o presidente Emmanuel Macron na segunda-feira, denunciando o bloqueio humanitário a Gaza como um "escândalo".

Esta segunda-feira, milhares de pessoas saíram à rua em Paris e em várias cidades francesas numa demonstração de apoio aos ativistas. 

O partido de esquerda radical La France Insoumise (LFI) afirmou ter 150 mil manifestantes em França, incluindo 50 mil em Paris, e "quase 200 manifestações" em todo o país. 

Na Suíça, cerca de 300 manifestantes pró-palestinianos bloquearam temporariamente os carris em estações rodoviárias de Genebra e Lausanne. Segundo o jornal La Tribune de Genève, o movimento ganhou força de forma espontânea nas redes sociais após a apreensão do navio Madleen pela Marinha israelita.

A relatora especial da ONU para os Direitos Humanos nos territórios palestinianos ocupados, Francesca Albanese, exortou esta segunda-feira a comunidade interncional a desafiar o bloqueio marítimo de Israel em torno de Gaza.

"Todos os portos do Mediterrâneo devem enviar barcos com ajuda, solidariedade e humanidade para Gaza. Vão navegar juntos — unidos, serão imparáveis", afirmou Albanese num vídeo compartilhado na rede social X.
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