Alemanha expulsa dois diplomatas russos após assassinato de separatista checheno

por RTP
Khangoshvili foi morto à luz do dia com um tiro na cabeça, em agosto deste ano, num parque de Berlim Foto: Fabrizio Bensch - Reuters

A Alemanha expulsou dois funcionários da embaixada russa depois de procuradores do Estado terem reunido "provas suficientes" de que Moscovo ou o governo da Chechénia - uma das repúblicas da Rússia - encomendaram o assassinato de um separatista checheno em Berlim.

“Existem factos suficientes de que o homicídio foi realizado ou em nome de agências estatais da Federação Russa ou em nome da República Autónoma da Chechénia, como parte da Federação Russa”, declarou esta quarta-feira o procurador federal da cidade de Karlsruhe, que lida com crimes contra o Estado alemão.

Apesar de estar em conflito com a Rússia há centenas de anos, a Chechénia é atualmente liderada por Ramzan Kadyrov, um antigo rebelde que é agora leal ao Presidente russo, Vladimir Putin.

O procurador acrescentou que o assassinato do checheno Zelimkhan Khangoshvili, considerado terrorista pelas autoridades russas, constitui “um ato da maior relevância para a segurança estatal”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha informou esta quarta-feira o embaixador russo em Berlim, Sergei Netschajew, que dois dos seus funcionários foram considerados personae non gratae com efeito imediato, salientando que o Kremlin se recusou a cooperar com as investigações ao assassinato.
Ministério da Defesa da Rússia alegadamente envolvido
Khangoshvili foi morto à luz do dia com um tiro na cabeça, em agosto deste ano, quando se encontrava no parque Kleiner Tiergarten, em Berlim. O antigo comandante rebelde da Chechénia tinha 40 anos e os serviços russos de inteligência classificaram-no como membro da organização terrorista “Emirado do Cáucaso”.

Um homem foi detido logo após o assassinato, quando alegadamente foi visto a deitar ao rio uma bicicleta, uma arma e uma peruca, mas não deu informações significativas às autoridades. O crime continua a ser investigado.

De acordo com o procurador federal alemão, o suspeito do crime viajou até à Alemanha com um passaporte russo sob o nome de Vadim Sokorov, apenas seis dias antes da morte de Khangoshvili.

O homem terá voado com um visto de trabalho que o declarava como trabalhador de uma empresa de engenharia em São Petersburgo. A equipa de procuradores descobriu, porém, que essa empresa possuía um único funcionário e que um número de fax ligava o negócio ao Ministério da Defesa da Rússia.

Mais tarde, especialistas forenses identificaram o suspeito como Vadim Krasikov, de 54 anos, natural do Cazaquistão e procurado pela morte de um homem de negócios russo em 2013.

Ainda em agosto, um porta-voz russo garantiu que nem a Rússia nem quaisquer das suas autoridades tinham alguma coisa a ver com o crime.
Quem era Khangoshvili?
Zelimkhan Khangoshvili era nacional da Geórgia e lutou na segunda guerra dos chechenos contra as forças russas no norte do Cáucaso entre 2001 e 2005. Era aliado do antigo Presidente da Chechénia, Aslan Maskhadov, que planeou a resistência chechena à Rússia e foi morto pelas forças especiais desse país.

Khangoshvili foi para Berlim em 2015, depois de ter sobrevivido a uma tentativa de homicídio na capital da Geórgia, Tbilisi, e candidatou-se a asilo na Alemanha, mas sem sucesso.

O assassínio de Khangoshvili aconteceu depois de vários separatistas chechenos que lutaram contra as forças russas também terem sido mortos.
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