Os Estados Unidos e vários governos europeus exigem a libertação do opositor de Vladimit Putin que, depois de aterrar em Moscovo no domingo, foi detido pelos serviços prisionais russos (FSIN). Alexei Navalny é acusado de ter violado os termos de uma pena de prisão suspensa a que foi condenado em 2014.
Os serviços prisionais russos precisaram que Navalny "figura numa lista de pessoas procuradas desde 29 de dezembro de 2020 por múltiplas violações do seu período probatório". Além do opositor de Vladimir Putin, vários aliados e apoiantes de Navalny, incluindo o irmão, Oleg, foram também detidos em Moscovo e em São Petersburgo no domingo. "Alexei foi detido sem que o motivo fosse explicado (...). Não me deixaram regressar para junto dele" após ter passado pelos serviços fronteiriços, afirmou, em declarações à AFP, a advogada do opositor, Olga Mikhailova.
The detainment of Alexey #Navalny upon arrival in Moscow is unacceptable.
— Charles Michel (@eucopresident) January 17, 2021
I call on Russian authorities to immediately release him.
Esta segunda-feira o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, pediu à Rússia para "libertar imediatamente" o opositor russo.
De acordo com o responsável alemão, Navalny "tomou a decisão consciente de regressar à Rússia, que considera a sua pátria pessoal e política", e o facto de ter sido detido pelas autoridades russas à chegada "é completamente incompreensível".
Reconhecendo que a Rússia está vinculada pela própria Constituição e obrigações internacionais ao Estado de direito e à proteção dos direitos civis, o ministro alemão acrescentou: "evidentemente, estes princípios também devem ser aplicados" a Alexei Navalny, que "deve ser libertado imediatamente".
Após "grave ataque de envenenamento" cometido em solo russo contra Navalny, a Alemanha apelou à Rússia para "investigar minuciosamente este ataque e levar os perpetradores à Justiça".
"Os Estados Unidos condenam firmemente a decisão da Rússia de prender Alexei Navalny", disse Pompeo, num comunicado, expressando "grande preocupação".
Para o secretário de Estado da Administração Trump, esta detenção "é a última de uma série de tentativas para silenciar Navalny e outras figuras da oposição e vozes independentes que criticam as autoridades russas".
Deeply troubled by Russia's decision to arrest Aleksey Navalny. Confident political leaders do not fear competing voices, nor see the need to commit violence against or wrongfully detain, political opponents.
— Secretary Pompeo (@SecPompeo) January 18, 2021
Ainda no domingo, o conselheiro de segurança nacional do Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, exigiu também a libertação imediata de Alexei Navalny.
"Navalny deve ser libertado imediatamente e os responsáveis pelo ataque inadmissível à sua vida devem ser responsabilizados", escreveu Jake Sullivan numa mensagem publicada na sua conta do Twitter.
"Os ataques do Kremlin a Navalny não são apenas uma violação dos direitos humanos, mas uma afronta ao povo russo, que deseja que as suas vozes sejam ouvidas", acrescentou.
"É espantoso que Alexei Navalny, vítima de um crime desprezível, tenha sido detido pelas autoridades russas. Ele deve ser libertado imediatamente", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dominic Raab.
"Em vez de perseguir o Sr. Navalny, a Rússia devia explicar como é que uma arma química passou a ser usada em solo russo".
It is appalling that Alexey Navalny, the victim of a despicable crime, has been detained by Russian authorities. He must be immediately released.
— Dominic Raab (@DominicRaab) January 18, 2021
Rather than persecuting Mr Navalny Russia should explain how a chemical weapon came to be used on Russian soil.
Entretanto, a organização de defesa dos Direitos Humanos Amnistia Internacional condenou também a detenção do ativista russo.
"Alexei Navalny foi privado da sua liberdade pelo seu ativismo político pacífico e por exercer a sua liberdade de expressão. A Amnistia Internacional considera-o um prisioneiro de consciência e apela à sua libertação imediata e incondicional", disse a organização não-governamental (ONG), numa declaração.
A Rússia, contudo, rejeitou todos estes pedidos, apelando ao Ocidente para cuidar dos próprios problemas.
"Respeitem o Direito Internacional, não invadam a legislação nacional de Estados soberanos e tratem dos problemas dos vossos próprios países", escreveu a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, no Facebook.
"Podem sentir-te bem com esses comentários [sobre a prisão de Navalny]", disse Lavrov. "A julgar por tudo, permite que os políticos ocidentais pensem que, ao fazer isso, podem desviar a atenção da profunda crise em que se encontra o modelo liberal de desenvolvimento".
As autoridades russas, no entanto, têm rejeitado todas as acusações de envolvimento no envenenamento.
O opositor russo partiu no domingo de Berlim, onde estava a convalescer, rumo a Moscovo, reafirmando ser "inocente" face à ameaça de prisão, assim que chegasse à Rússia.
"Vou ser preso? É impossível, estou inocente", disse Alexei Navalny aos jornalistas a bordo do avião com destino à capital russa.