Amazon vai reembolsar funcionárias que viajem para fazer abortos

por RTP
Gonzalo Fuentes - Reuters

A gigante do comércio online Amazon anunciou aos seus funcionários que irá pagar-lhes até quatro mil dólares anuais em ajudas de custo, caso precisem de viajar para realizar tratamentos médicos - entre estes tratamentos estão os abortos.

A Amazon junta-se, assim, a outras empresas que têm ajudado os seus empregados a contornar as leis mais restritivas para a realização de abortos em vários Estados norte-americanos. É o caso da empresa de serviços financeiros Citigroup e do site de avaliação de estabelecimentos comerciais Yelp, que adotaram medidas semelhantes.

A decisão é um reflexo da vontade das empresas de reterem e atraírem trabalhadores em locais onde as novas leis do aborto podem afetar a qualidade de vida e a saúde dos habitantes, como acontece no Estado conservador do Texas.

No caso da Amazon, a recém-instituída regalia tem efeitos retroativos a 1 de janeiro deste ano e pode ser aplicada quando o procedimento médico em questão não esteja disponível num raio de 161 quilómetros da residência do trabalhador e não possa ser realizado virtualmente.

A medida aplica-se tanto aos trabalhadores como aos seus dependentes que estejam cobertos pelo seguro de saúde da empresa. Consideram-se trabalhadores da Amazon tanto os funcionários de escritório, como os de armazéns.

A notícia chega, porém, num momento agridoce para a gigante do comércio online. Na segunda-feira, a Amazon parou de pagar as baixas aos funcionários diagnosticados com covid-19, deixando-os, em vez disso, ter cinco dias de licença sem vencimento.

Na segunda-feira, os trabalhadores de um armazém da Amazon em Nova Iorque votaram na segunda volta para a criação de um sindicato, mas o resultado deixou a desejar: 62 por cento dos funcionários (o equivalente a 618 votos) votaram contra a criação desse sindicato.
Joe Biden diz estar pronto para proteger direito ao aborto
Os esforços movidos pela Amazon e por outras empresas para ajudar as trabalhadoras a interromperem gravidezes indesejadas chegam pouco depois da divulgação de um rascunho do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, no qual é proposto reverter a decisão conhecida por Roe vs. Wade (caso judicial que levou o Supremo norte-americano a reconhecer o direito ao aborto).

Caso se confirme a revogação do Roe vs. Wade, cerca de duas dúzias de Estados, incluindo Oklahoma e Alabama, têm já preparadas leis destinadas a limitar o acesso das mulheres ao aborto.

Esta terça-feira, o presidente dos Estados Unidos garantiu estar pronto para proteger o direito ao aborto e disse não saber se o rascunho do Supremo Tribunal era genuíno nem se refletia uma decisão final.

“Acredito que o direito da mulher à escolha é fundamental”, declarou Joe Biden, acrescentando que, se o Roe vs. Wade for derrubado, caberá aos Governos de cada Estado a missão de proteger as mulheres.

Por essa razão, o líder aconselhou os eleitores a votarem em funcionários pró-escolha nas eleições intercalares de novembro, nas quais serão eleitos os funcionários públicos federais.

“No nível federal, precisaremos de mais senadores pró-escolha e uma maioria pró-escolha na Câmara para adotar uma legislação que codifique o caso Roe vs. Wade, que trabalharei para aprovar e sancionar”, declarou Biden.
pub