António Costa despede-se do Conselho Europeu "com orgulho"

por RTP
Johanna Geron - Reuters

O primeiro-ministro cessante, António Costa, despediu-se esta sexta-feira "com algum orgulho", pelo percurso dos últimos oito anos, quer pela evolução orçamental do país quer pela estabilidade política. No final do seu último Conselho Europeu, em Bruxelas, enquanto líder do Governo, destacou "as palavras simpáticas e elogiosas" que escutou nesta última reunião e as "boas relações" que Portugal tem tido com os restantes Estados-membros.

 “Devo confessar, com alguma modéstia, com algum orgulho, a tentar lembrar como tudo começou há oito anos, com algum ceticismo sobre a possibilidade de conseguirmos cumprir as regras europeias" para poder "virar a página da austeridade", afirmou António Costa, numa conferência de imprensa aos jornalistas.

António Costa disse estar também orgulhoso do facto de Portugal ter sido, “ao longo destes oito anos, um dos países mais estáveis” em termos políticos. “Poucos colegas meus permanecem no Conselho (Europeu)”, observou.

Após o seu último encontro com os líderes europeus em Bruxelas, na qualidade de primeiro-ministro, o socialista salientou que Portugal foi “sempre parte da solução e nunca parte do problema” e que deixa “boas relações” com os restantes Estados-Membros.
A Europa “podia ter feito mais”
António Costa considerou que a União Europeia “podia ter feito muito mais” apesar dos sucessos destacados na gestão das várias crises que enfrentou nos últimos anos. Algumas delas que continuará a deparar-se, como consequência de “desafios constantes e permanentes” decorrentes das alterações climáticas, por exemplo, que têm impacto “na agricultura, na indústria automóvel” e em “vários setores de atividade”.

"A Europa podia ter feito muito mais, com certeza que podia ter feito muito mais, mas a verdade é que conseguimos gerir a crise migratória, em 2015, a Covid-19, enfrentar a guerra, a crise energética e, ao mesmo tempo, relançámo-nos em duas transições que são um enormes desafios para as nossas sociedades", afirmou.

O primeiro-ministro cessante reconheceu que a União Europeia tem de encontrar “mecanismos para poder responder” e sobre à transição ecológica considerou que “não podemos renunciar à ambição que fixámos a nós próprios de alcançar a neutralidade carbónica em 2050”.
A sua voz será “ouvida com toda a certeza”
Na sua despedida, António Costa, deixou claro que espera que a sua voz possa “ser ouvida com toda a certeza”, a nível nacional e internacional, quando questionado sobre a vontade de continuar a ser uma voz ativa na política europeia.

"Sim, em todo o sítio, não ser oposição não quer dizer que eu seja uma voz silenciosa, não tenho é de ser voz da oposição, tem de ser a minha voz"
, respondeu.
Sem comentários sobre política interna
Quando questionado sobre a breve declaração da procuradora-Geral da República (PGR), Lucília Gago,
aos jornalistas no dia anterior, em que admitiu a possibilidade de o processo autónomo – no qual António Costa é visado - passar do Supremo Tribunal de Justiça para o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), insistiu que não faria comentários sobre questões de política interna.

Mas defendeu que se a Justiça portuguesa quiser esclarecimentos sobre o seu processo pode contactá-lo em qualquer altura.

"Eu já tive ocasião de explicitar que se e quando a Justiça pretender falar comigo sabe onde estou, sabe qual é o meu número de telefone, eu não falo com a Justiça através da comunicação social", respondeu.


pub