António Guterres expressa desejo de "paz duradoura" entre Índia e Paquistão

por Graça Andrade Ramos - RTP
Celebrações em Hiderabad, Paquistão, com o anúncio de cessar-fogo com a Índia apís quatro dias de confrontos Akram Shahid - AFP

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, reagiu ao anúncio de tréguas entre a Índia e o Paquistão, este sábado, esperando que esta seja uma "paz duradoura" entre os dois países, que ciclicamente se defrontam pelo controlo dos territórios fronteiriços de Jammu e Caxemira.

"O secretário-geral congratula-se com o acordo de cessar-fogo entre a Índia e o Paquistão como um passo positivo para pôr fim às atuais hostilidades e reduzir as tensões. Espera que este acordo contribua para uma paz duradoura e crie um ambiente propício à resolução de questões mais amplas e antigas entre os dois países", afirmou o seu porta-voz em comunicado.

A esperança de Guterres foi expressa igualmente por diversas capitais mundiais.

Paris considerou o acordo "a escolha da responsabilidade", Londres saudou-o como "extremamente bem-vindo" e Berlim disse que era "um primeiro passo importante".


A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, considerou a trégua um passo vital para uma desescalada. "Devem fazer-se todos os esforços para garantir que é respeitada. A UE continua empenhada na paz, estabilidade e combate ao terrorismo na região", referiu.

O líder interino do Bangladesh, Muhammad Yunus, aplaudiu "sinceramente" o primeiro-ministro indiano Shri Narendra Modi e o primeiro-ministro paquistanês Shehbaz Sharif pelo acordo com fim a negociações. "O Bangladesh continuará a apoiar os nossos dois vizinhos para resolver as diferenças através da diplomacia", garantiu.

Já o ministério saudita dos Negócios Estrangeiros acolheu o cessar-fogo com "otimismo", aplaudindo a prova de contenção e "sabedoria" demonstrada pelas partes, expressando o apoio à "resolução de disputas pela via do diálogo e meios pacíficos".

Também Teerão aplaudiu o anúncio de cessar-fogo.

Pequim disse que apoia os esforços da Índia e do Paquistão para chegar a um cessar-fogo e continua "disposta a continuar a desempenhar um papel construtivo" neste processo, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, num telefonema com o seu homólogo paquistanês, segundo a agência de notícias Xinhua.

A China partilha fronteiras tanto com a Índia como com o Paquistão.
Violação de tréguas sábado à noite

Contudo, a Índia confirmou depois que o tratado de partilha de água entre os dois países continuava suspenso, o que pode levar Islamabad a reagir.

Precisamente, e já durante a noite de sábado registaram-se explosões na cidade de Srinagar, na Caxemira indiana, disse Omar Abdullah, ministro-chefe do território federal, numa publicação no X. "O que raio aconteceu ao cessar-fogo? Ouviram-se explosões em Srinagar", publicou Abdullah, insinuando que o Paquistão poderá ter violado as tréguas.

As forças armadas indianas responderam às "violações do cessar-fogo por parte do Paquistão", disse o secretário dos Negócios Estrangeiros indiano, Vikram Misri.

As forças armadas receberam instruções para "lidar fortemente" com as violações, disse Misri

Índia e Paquistão são ambos potências nucleares, levantando receios que o conflito assuma contornos extremamente graves.
O anúncio de cessar-fogo
O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou esta tarde um cessar-fogo total e imediato entre as duas potências nucleares, o que foi rapidamente confirmado.

De acordo com o secretário do Ministério indiano dos Negócios Estrangeiros, Vikram Misri, o acordo foi alcançado após uma conversa telefónica entre os chefes das operações militares dos dois países, que deverão voltar a falar na segunda-feira, 12 de maio.

A Índia lançou ataques com mísseis em solo paquistanês na quarta-feira, em retaliação pelo ataque de 22 de abril na Caxemira controlada pela Índia.

O Paquistão retaliou imediatamente, e os dois países trocaram ataques com mísseis, fogo de artilharia e ataques de drones até ao acordo anunciado no sábado.

A Índia acusa o Paquistão de apoiar o grupo jihadista suspeito de matar 26 civis na cidade turística de Pahalgam, uma acusação que Islamabad nega veementemente.
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