Arecibo. Famoso radiotelescópio de Porto Rico vai encerrar

por RTP
Carl Recine - Reuters

O Observatório de Arecibo, que durante muito tempo foi o maior radiotelescópio do mundo, vai desativar a sua antena. A Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos anunciou esta quinta-feira que vai encerrar o grande telescópio espacial do Observatório de Arecibo, em Porto Rico, pondo fim a 57 anos de descobertas astronómicas após ter desencadeado dois acidentes nos últimos meses.

O famoso telescópio do Observatório de Arecibo, que contribuiu para a investigação de planetas, asteróides e vida extraterrestre, além de ter suportado furacões, chuva, humidade e fortes terremotos, está a colapsar e, por isso, terá de fechar. É, provávelmente, o ponto final a quase 60 anos de história de um dos observatórios espaciais mais importantes do mundo.

Após se terem partido dois cabos de sustentação, os engenheiros responsáveis pelo telescópio concluíram que mesmo um eventual arranjo podia pôr em risco a segurança dos funcionários e dos restantes equipamentos do Observatório.

Localizado no município de Arecibo, em Porto Rico, o radiotelescópio foi construído no início da década de 1960 e entrou para a história dez anos depois, ao ser usado para enviar uma mensagem a civilizações alienígenas, em 1974. Mas em agosto de 2020, um dos cabos secundários partiu-se e caiu sobre o prato refletor, suspenso por esses cabos, deixando uma parte da estrutura partida.

As atividades no observatório foram interrompidas nessa altura, mas no início de novembro partiu-se outro cabo e abrindo um novo buraco no prato refletor e danificando cabos próximos, embora os engenheiros responsáveis já estivessem a preparar um plano para reconstruir e preservar a estrutura danificada.

"A NSF concluiu que este dano recente no telescópio de 305 metros não pode ser resolvido sem pôr em risco a vida e a segurança das equipas de trabalho e dos funcionários", disse Sean Jones, diretor assistente do Diretório de Ciências Matemáticas e Físicas da NSF, esta quinta-feira à Reuters.

"A NSF decidiu iniciar o processo de planeamento para uma desativação controlada do telescópio de 305 metros", anunciou ainda Jones, que acrescentou que ainda não foram identificadas as causas para a danificação dos cabos e consequente destruição da estrutura.

Estes cabos sustentam uma plataforma - o prato refletor - de 900 toneladas que fica suspensa sobre a parabólica e permite que os cientistas direcionem o observatório para um lado específico do céu. Nessa plataforma, há antenas, transmissores de radar e muito mais, pelo que os cientista consideram que a plataforma suspensa é o coração científico do observatório.

Após considerar três relatórios das equipas de engenharia, a National Science Foundation (NSF), dona da instalação, decidiu que o observatório não está estável o suficiente.

"O nosso objetivo é encontrar uma maneira de preservar o telescópio sem colocar a segurança de ninguém em risco", disse Sean Jones. "No entanto, após receber e revisar as avaliações de engenharia, não encontramos nenhuma forma que nos permita fazê-lo com segurança", concluiu.

Foram ainda utilizados drones e câmaras monitorizar a estrutura e avaliar as condições dos cabos que restavam, e concluíram que alguns desses cabos também estão prestes a partir. De acordo com as análises das equipas de engenharia, se mais um cabo na Torre 4 romper, a plataforma vai desabar no prato refletor e provavelmente provocará a queda das torres também.

Citando questões de segurança, a empresa descartou qualquer hipótese para reparar o observatório e recomendou uma demolição controlada da estrutura.
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