Arménia acusa Turquia de abater um caça e o piloto em céus arménios

por RTP
Um caça Sukhoi Su-25 de fabrico soviético, pertencente às Forças Aéreas da Bielorrússia, em setembro de 2015 Reuters

Um caça F-16 das Forças Aéreas da Turquia abateu um avião SU-25 arménio sobre território da Arménia, acusou esta tarde Yerevan. O piloto morreu. Ancara já negou as alegações, tal como Baku.

Uma porta-voz do ministério arménio da Defesa, Shushan Stepanyan, escreveu na sua página de Facebook, que o caça arménio estava numa missão militar quando foi abatido em pleno voo. Não foi dada qualquer prova da afirmação.

A notícia foi de imediato desmentida pelo Ministério da Defesa do Azerbeijão, com quem a Arménia iniciou combates acesos esta semana, devido ao enclave de Nagorno Karabah, disputado por ambos os países.

A Turquia, que apoia os interesses azeris, também negou ter abatido o caça arménio.

"É absolutamente falso", garantiu o diretor de comunicações Fahrettin Altun, acrescentando que "a Arménia deveria retirar de territórios que ocupa, em vez de recorrer a propaganda reles".A confirmar-se, o ataque poderá inflamar o conflito e arrastar outras potências regionais, como a Rússia e a Turquia, lançado o caos naquela região do Cáucaso. Enquanto Ancara apoia Baku, Moscovo tem com Yerevan uma aliança de defesa, e garante as principais linha de contacto dos arménios com o resto do mundo.

O Kremlin disse que está em constante contacto com os Governos turco, arménio e azeri com vista a calar de novo as armas.

Qualquer suspeita de apoio militar real de qualquer destas potências às partes em conflito poderá revelar-se explosiva, acrescentou.

Dezenas de pessoas terão morrido nos últimos dias devido aos combates entres as forças armadas arménias e azeris, os piores desde 1990.

Nagorno-Karabahk é um enclave étnico controlado por arménios no seio do Azerbeijão e recebe o apoio da Arménia. Separou-se do Governo azeri de Baku durante uma guerra nos anos 90 do século XX, mas não é reconhecido por nenhum país enquanto República independente.

O Presidente do Azerbeijão, Ilham Aliyev, reagiu à polémica, garantindo que o papel da Turquia na região é de estabilização e que não faz parte do conflito devido a Nagor-Karabahk, referiu a agência russa de notícia RIA. Aliyev garantiu ainda que nem aviões F-16 turcos nem caças sírios sobrevoaram os céus do enclave.

O Líder Azeri, no poder desde 2003 e filho do anterior Presidente, Heydar Aliyev, acrescentou que não pode haver conversações com a Arménia devido às exigências inaceitáveis e posição irredutível dos seus atuais líderes, referiu ainda a RIA.

A mesma agência publicou as declarações do primeiro-ministrio arménio, Nikol Pashinyan, que afirma "não é este o tempo certo para conversações, enquanto decorrem ações militares". Denunciou também a presença de conselheiros militares turcos no terreno a apoiar as forças azeris em Nagorno-Karabahk.

Pashinyan apelou ainda a comunidade internacional a condenar a agressão azeri e turca, e afirmou que a existência do povo arménio está a ser ameaçada.
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