Ataque israelita mata dezenas de palestinianos junto a centro de ajuda humanitária

Mais de 30 palestinianos foram assassinados este domingo durante um ataque israelita em Rafah, junto a um centro de distribuição de ajuda humanitária gerido por um grupo privado dos Estados Unidos. As vítimas mortais dirigiam-se ao local para receber comida. Do ataque resultaram também vários feridos que estão agora a ser tratados pelo Crescente Vermelho.

Joana Raposo Santos - RTP /
Foto: Hatem Khaled - Reuters

"Há mártires e feridos. Muitos feridos. É uma situação trágica neste sítio. Aconselho-os a não irem aos pontos de entrega de ajuda humanitária", disse à agência Reuters o paramédico Abu Tareq, no Hospital Nasser, em Khan Younis.

Segundo as autoridades de saúde locais, chegaram pelo menos 31 corpos ao Hospital Nasser. A imprensa local fala em quase duas centenas de feridos.
As Forças Armadas de Israel avançaram, em comunicado, que estão a investigar relatos de que palestinianos foram alvejados junto ao centro de distribuição de ajuda, mas disseram não ter conhecimento de ferimentos causados por fogo israelita. O ataque aconteceu junto a um posto da Fundação Humanitária de Gaza, sediada nos Estados Unidos, que gere os locais de distribuição de ajuda em Rafah.

Já a Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada por Israel, negou que alguém tenha sido morto ou ferido perto do seu centro em Rafah e garantiu que toda a sua distribuição tem ocorrido sem incidentes. A empresa norte-americana acusou o Hamas de fabricar "relatórios falsos".

No entanto, moradores e médicos disseram ter visto soldados israelitas a dispararem, assim como um tanque a abrir fogo contra milhares de pessoas que estavam a caminho do local para obter comida.GHF suscita polémicas e críticas
O gabinete de imprensa do Governo de Gaza, dirigido pelo Hamas, afirmou que Israel transformou os locais de distribuição em "armadilhas mortais" para as pessoas que desesperam por obter alguma ajuda.

"Afirmamos ao mundo que o que está a acontecer é uma utilização deliberada e maliciosa da ajuda como arma de guerra, utilizada para explorar civis esfomeados e juntá-los à força em zonas de morte expostas, que são geridas e monitorizadas pelos militares israelitas", declarou.

A GHF é uma entidade sediada nos EUA, apoiada pelos governos norte-americano e israelita, que fornece ajuda humanitária em Gaza contornando os grupos tradicionais. Começou a trabalhar no enclave no mês passado e tem três locais onde milhares de pessoas têm recolhido ajuda.

A entidade tem sido criticada pela comunidade internacional e o seu diretor executivo demitiu-se em maio, invocando o que disse ser a falta de independência e neutralidade da GHF, já que não é claro quem está a financiar a empresa.

c/ agências
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