Ataques no Sri Lanka foram "retaliação" após Christchurch

por Andreia Martins - RTP
O último balanço dos ataques de domingo no Sri Lanka dá conta da morte de 321 pessoas. Há ainda registo de 500 feridos M.A. Pushpa Kumara - EPA

O vice-ministro da Defesa do Sri Lanka, Ruwan Wijewarden, disse esta terça-feira que a investigação inicial revela que os ataques de domingo foram perpetrados em retaliação contra o recente atentado em duas mesquitas na Nova Zelândia, em Christchurch. A vaga de explosões ocorrida em várias cidades do Sri Lanka no domingo de Páscoa provocou 321 vítimas mortais e mais de 500 feridos. Dois dias depois, o autoproclamado Estado Islâmico reivindicou o ataque sem apresentar quaisquer provas.

De acordo com um dos responsáveis do Governo do Sri Lanka, a investigação inicial revela que os atentados de domingo foram um ato de retaliação contra os ataques ocorridos na Nova Zelândia contra duas mesquitas.

O último balanço dos ataques de domingo no Sri Lanka dá conta da morte de 321 pessoas. Há ainda registo de 500 feridos.   
No Parlamento, o vice-ministro da Defesa do Sri Lanka, Ruwan Wijewarden, afirmou esta terça-feira que as “investigações preliminares revelam que o que se passou no Sri Lanka foi feito em retaliação pelo ataque contra muçulmanos em Christchurch”

O ataque referido ocorreu no passado dia 15 de março na Nova Zelândia em duas mesquitas de Christchurch e fez 50 mortos

De acordo com a investigação em curso, o grupo terrorista local apontado como responsável destes atentados, o National Thowheeth Jama'ath, usou as redes sociais para publicar "conteúdos extremistas" logo após o atentado na Nova Zelândia.

No entanto, a natureza de um ataque em várias frentes e o equipamento sofisticado que foi usado pelos atacantes mostram que o planeamento do atentado poderá ter decorrido durante vários meses, nota o jornal The Guardian.
Estado Islâmico reivindica ataque

O ataque de domingo a três igrejas e quatro hotéis não tinha sido reinvidicado por nenhuma organização terrorista até esta terça-feira.

Hoje, ao início da tarde, o autoproclamado Estado Islâmico reclamou responsabilidade pelos atentados do Sri Lanka através da sua agência de propaganda, a Amaq, citada pela Reuters. No entanto, o grupo terrorista não apresentou quaisquer provas de ligação aos ataques.

Na segunda-feira, o Governo do Sri Lanka tinha responsabilizado o grupo local National Thowheeth Jama'ath pelos ataques ocorridos em dia de Páscoa, sublinhando que este tinha sido ajudado por uma “rede internacional” de terrorismo.

Já esta terça-feira, o vice-ministro da Defesa afirmou que este grupo jihadista tinha “ligações estreitas com o grupo JMI”, numa referência aparente ao Jamaat-ul-Mujahideen India, organização criada no ano passado que é afiliada de um outro grupo com o mesmo nome no Bangladesh, nota a agência France Presse.  

Até ao momento foram detidas 40 pessoas no decurso da investigação.
45 crianças e adolescentes morreram
As autoridades cingalesas confirmaram na segunda-feira que grande parte dos ataques foi levada a cabo por sete bombistas suicidas.

Na segunda-feira, vários ministros do Governo do Sri Lanka fizeram menção a uma possível falha na prevenção dos ataques de domingo, uma vez que há registo de relatórios dos serviços de informação, divulgados no início de abril, que avisavam para possíveis atentados no país.

As Nações Unidas revelaram esta terça-feira que pelo menos 45 crianças e adolescentes - incluindo um bebé de apenas 18 meses - morreram durante os atentados de domingo.

De acordo com o porta-voz da UNICEF, Christophe Boilierac, há mais crianças e jovens entre as cinco centenas de feridos que estão "a lutar pela vida" após os ataques.

Dos 321 mortos confirmados no ataque deste domingo, grande parte é de origem cingalesa, mas há registo de 38 cidadãos estrangeiros entre as vítimas mortais, incluindo o jovem português de Viseu, Rui Lucas, que estava a passar a lua-de-mel no Sri Lanka.
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