Chama-se Christopher Steele, tem 52 anos e é um ex-espião britânico do MI6. Em 2009 fundou a empresa privada de investigação Orbis Business Intelligence Ltd, sediada em Londres, através do qual terá elaborado um relatório de 35 páginas sobre alegados documentos detidos pela Rússia, que podem comprometer e pressionar o Presidente eleito dos EUA, Donald J. Trump.
O nome do autor do relatório só terá sido revelado agora de forma a dar tempo a Steele para desaparecer do mapa e esconder-se em lugar seguro.
O ex-espião deixou a sua casa em Surrey no início da semana, tendo pedido a vizinhos para tomarem conta do gato durante a sua ausência.
Encontra-se agora em parte incerta e diversas fontes citadas pela imprensa britânica acreditam que os serviços secretos - ou uma rede de contactos da própria Orbis - o terão transferido para um lugar seguro, de forma a protege-lo de eventuais retaliações russas.
O sócio de Steele na Orbis, Christopher Burrows, contactado pelo Wall Street Journal, limitou-se a dizer que "não confirma nem desmente" que tenha sido a sua empresa a fazer a investigação que agora veio a público.
O relatório Orbis acusa nomeadamente o Kremlin de ter vídeos e informações comprometedoras, de natureza sexual, sobre Trump.
De acordo com as alegações, não fundamentadas e agora sob investigação dos serviços de Informação americanos, o Presidente eleito terá visitado a Rússia e, em pelo menos uma ocasião, contratado propositadamente prostitutas para orgias em aposentos no Ritz Carlton Hotel antes utilizados pelos Obama, onde terão decorrido "atos sexuais perversos".
Mais de uma gravação, mais de uma fonte
Os serviços secretos russos terão assim pelo menos uma - possivelmente mais, acredita a CIA - gravação dessas orgias. Um jornalista da BBC, Paul Woods, correspondente em Washington, diz também ter fontes além de Steele a confirmar as alegações do relatório Orbis.
O Presidente eleito nega as informações contidas no relatório e, confrontado na conferência de imprensa desta quarta-feira, reagiu afirmando que tem pavor de "germes" e que avisa sempre em viagem os seus colaboradores para a possibilidade de estarem a ser vigiados por câmaras - o que tornaria improvável a realização das tais orgias.
Trump apontou também o dedo às falhas de segurança norte-americanas, prometendo no seu mandato erguer ciber-muros para proteger os dados do Estado e de natureza secreta.
Steele é especialista em assuntos russos e nos anos 90 serviu como segundo secretário na embaixada britânica em Moscovo.
Terá ainda tido ligações a Alexander Litvinenko, o espião russo critico do Presidente Vladimir Putin e que terá sido morto em 2006 por envenenamento com plutónio, pelos serviços secretos às ordens de Moscovo.