Biden chama Putin de "louco". Kremlin compara-o a "triste cowboy de Hollywood"

por Cristina Sambado - RTP
Allison Dinner -EPA

O presidente norte-americano, Joe Biden, chamou ao presidente russo, Vladimir Putin, de "louco" durante uma angariação de fundos, em São Francisco, e apontou o dedo ao antecessor, Donald Trump, por se ter comparado a Alexei Navalny, que morreu na semana passada numa prisão do Ártico. O Kremlin já reagiu e afirma que os comentários do inquilino da Casa Branca "rebaixam" os Estados Unidos e foi uma "triste" tentativa de parecer um "cowboy de Hollywood".

"Temos um filho da mãe louco como Putin e outros e temos sempre de nos preocupar com conflitos nucleares, mas a ameaça existencial para a humanidade é o clima”, afirmou Biden durante uma angariação de fundos em São Francisco.

Biden que já chamou outras pessoas de "filho da mãe". Em janeiro de 2022, foi apanhado a usar o mesmo termo sobre um repórter da Fox News na Casa Branca após uma pergunta sobre a inflação no país.Biden acrescentou que ficou surpreendido com os comentários recentes feitos por seu provável opositor republicano. 

Trump comparou a morte suspeita na prisão do líder da oposição russa Alexei Navalny aos seus próprios problemas legais nos EUA. O ex-presidente dos Estados Unidos foi multado em 350 milhões de dólares depois de um juiz de Nova Iorque ter considerado que ele mentiu durante anos sobre a sua riqueza nas declarações financeiras das suas empresas. Trump disse que a decisão judicial era uma forma de "comunismo ou fascismo". Donald Trump expressou admiração por Putin durante seu mandato na Casa Branca 2017-2021 e manteve-o.

"Algumas das coisas que este sujeito tem dito, como se estivesse a comparar-se a Navalny e a dizer que - porque o nosso país se tornou um país comunista, ele foi perseguido, tal como Navalny foi perseguido? Não sei de onde raio vem isto", disse Biden.

"Se eu estivesse aqui há dez, 15 anos e dissesse algo assim, todos achariam que eu deveria estar comprometido", afirmou. "Isso espanta-me", acrescentou Biden. O presidente norte-americano tem tendência a sair do guião durante as angariações de fundos para as eleições e, nos últimos meses, fez comentários aparentemente não planeados sobre o presidente chinês, o Partido Republicano e o aliado dos EUA, Israel, pelo seu bombardeamento da Faixa de Gaza, recorda a Reuters.

Os ataques verbais de Biden contra Putin também se intensificaram fortemente na Casa Branca e na campanha eleitoral. Na semana passada, o presidente dos EUA responsabilizou Putin e "os seus capangas" pela morte do líder da oposição Alexei Navalny.

"Não sabemos exatamente o que aconteceu, mas não há dúvida de que a morte de Nalvany foi uma consequência de algo que Putin e os seus capangas fizeram", afirmou Biden na Casa Branca, depois de as autoridades prisionais russas terem anunciado que Navalny tinha morrido. O Kremlin negou envolvimento do principal opositor de Putin e disse que as alegações ocidentais de que o presidente russo era responsável são inaceitáveis.

A dissensão entre Biden e Putin acentuou-se, sem aparente retorno, com a invasão russa da Ucrânia há dois anos, pela qual a Rússia foi sancionada pelos Estados Unidos e outras nações ocidentais. As reações de Biden arrefeceram ainda mais as já amargas relações entre os EUA e a Rússia. Na terça-feira, o presidente norte-americano revelou que os EUA vão anunciar um grande pacote de sanções contra a Rússia por causa da morte de Navalny e da guerra da Ucrânia.
Comentários de Biden sobre Putin "rebaixam" os Estados Unidos
O Kremlin afirmou esta quinta-feira que o comentário de Joe Biden sobre o presidente Vladimir Putin "rebaixa" os Estados Unidos e aqueles que usam este tipo de vocabulário - e foi uma tentativa pobre de parecer um "cowboy de Hollywood".

"O uso de tal linguagem contra o chefe de outro Estado pelo presidente dos Estados Unidos não é suscetível de infringir o nosso presidente, o presidente Putin", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. "Mas rebaixa aqueles que usam esse vocabulário".

"É uma vergonha imensa para (...) os Estados Unidos. Se o presidente de um país usa um léxico destes… deviam ter vergonha", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, num vídeo difundido por um jornalista da televisão pública russa.

Peskov acrescentou que o comentário foi "provavelmente uma espécie de tentativa de parecer um cowboy de Hollywood. Mas, sinceramente, não acho que seja possível".

"Putin alguma vez usou uma palavra grosseira para se dirigir a Joe Biden? Isso nunca aconteceu. Por isso, penso que esse tipo de vocabulário desvaloriza a própria América", rematou Peskov.

c/ agências
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