Biden considera que Netanyahu está a cometer "um erro" na Faixa de Gaza

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Elizabeth Frantz - Reuters

O presidente norte-americano criticou o primeiro-ministro israelita e a sua estratégia na Faixa de Gaza, considerando que Benjamin Netanyahu está a cometer "um erro". Durante uma entrevista na terça-feira, Joe Biden voltou a pressionar Israel para um cessar-fogo que permita a entrada de ajuda humanitária no enclave.

"Penso que ele [Benjamin Netanyahu] está a cometer um erro. Não estou de acordo com a sua abordagem", disse Joe Biden, durante uma entrevista à cadeia televisiva de língua castelhana Univision, em resposta a uma questão sobre a condução da guerra por Israel.

A entrevista foi gravada na quarta-feira passada - dias depois de ataques militares israelitas terem provocado a morte de sete trabalhadores humanitários da World Central Kitchen (WCK).Joe Biden considera “inadmissível” que os três veículos da organização humanitária “tenham sido atingidos por drones e destruídos numa estrada ao longo da costa”.

"O que quero é que os israelitas viabilizem um cessar-fogo e autorizem, para as próximas seis ou oito semanas, um acesso total à alimentação e aos medicamentos", na Faixa de Gaza, insistiu o presidente norte-americano.

Endurecimento das palavras de Biden
Este foi dos comentários mais severos do presidente norte-americano dirigido a Netanyahu, quando os EUA demonstram uma impaciência crescente perante o desastre humanitário em curso no território palestiniano atacado pelo exército israelita.

Os EUA têm apoiado fortemente Israel desde que o Hamas lançou um ataque sem precedentes a 7 de outubro. No entanto, nas últimas semanas, Washington tem endurecido as suas políticas e na semana passada, Joe Biden avisou mesmo que os EUA seriam forçados a mudar a política em relação a Israel.

Durante um telefonema com Netanyahu, o presidente norte-americano evocou, pela primeira vez, a possibilidade de condicionar a ajuda dos EUA a Israel à existência de medidas "tangíveis" sobre esta questão humanitária.

Israel respondeu com a aprovação da reabertura de duas novas passagens de ajuda em Gaza, ao mesmo tempo que anunciou, no fim de semana, que estava em curso uma retirada das tropas da cidade de Khan Younis, no sul de Gaza.

Apesar das duras críticas de Biden e da crescente tensão entre os dois países, os EUA continuam a ser o maior fornecedor de armas a Israel e no final de março enviaram mais armamento para Telavive.


Para além disso, Washington tem também recusado usar a palavra “genocídio” para descrever as ações de Israel em Gaza. Esta terça-feira, o secretário norte-americano da Defesa, Lloyd Austin, defendeu Israel das acusações de que estará a conduzir um extermínio em massa na Faixa de Gaza, reiterando que os EUA “não têm provas” de que esteja a ser cometido um genocídio.
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