Biden garante que G7 vai "proteger" a Ucrânia e Zelensky enaltece cimeira como um "sucesso"

No último dia da cimeira da NATO, que decorreu em Vilnius, os países do G7 assinaram uma declaração onde se comprometem a ajudar a Ucrânia com mais equipamento militar e a proteger o país a longo prazo. O presidente ucraniano elogiou a "vitória significativa" para a segurança da Ucrânia e descreveu esta cimeira como um "sucesso", embora tenha reiterado que um convite oficial para a entrada na Aliança Atlântica tivesse sido "ideal".

Mariana Ribeiro Soares - RTP /
Kevin Lamarque - Reuters

A primeira reunião do Conselho NATO-Ucrânia, que decorreu em Vilnius, na Lituânia, terminou esta quarta-feira e o presidente ucraniano diz sair satisfeito, embora sem o tão desejado convite oficial e calendário para a entrada do país na Aliança Atlântica.

Os 31 países-membros da NATO comprometeram-se a apoiar a Ucrânia e robusteceram a ajuda militar.

Os países do G7 assinaram, inclusivamente, uma declaração onde se comprometem em fornecer um apoio militar “a longo prazo” a Kiev, com o objetivo de combater a atual ofensiva russa e dissuadir Moscovo de qualquer ataque futuro contra a Ucrânia.

“Vamos trabalhar com a Ucrânia na base de compromissos de segurança específicos e bilaterais a longo prazo, para garantir uma força duradoura e com capacidade de defender a Ucrânia hoje e de dissuadir no futuro qualquer agressão russa”, indicou a declaração dos membros do G7 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Canadá, Alemanha, Itália e Japão).

“No caso de futuro ataque armado da Rússia (…), temos a intenção (…) de fornecer à Ucrânia uma assistência rápida em termos de segurança, equipamentos militares modernos nas áreas terrestre, marítima e aérea, e ainda uma assistência económica, e de impor custos económicos e outros à Rússia”
, acrescentou o documento redigido à margem da cimeira da NATO.

Na conferência de imprensa no final da cimeira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, destacou a “declaração poderosa” dos G7 e garantiu que os sete países mais industrializados do mundo vão “proteger” a Ucrânia.

"Estaremos lá o tempo que for necessário", disse Biden, ao do seu homólogo ucraniano.

Em troca desse apoio do G7, o relatório sublinha que a Ucrânia se compromete a aplicar reformas “para enfatizar os seus compromissos com a democracia, o Estado de Direito, o respeito pelos Direitos Humanos e as liberdades dos media”, bem como “colocara a sua economia num caminho sustentável” e fortalecer “o controlo civil democrático dos militares".

A decisão do G7 foi já comentada pelo porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, que advertiu que a concessão de garantias de segurança à Ucrânia “compromete a segurança da Rússia”.

“Ao dar garantias de segurança à Ucrânia, [o G7] está a minar a segurança da Rússia", avisou Peskov.
Zelensky destaca “sucesso” da cimeira
Por sua vez, presidente ucraniano agradeceu o apoio dos aliados e afirmou que o acordo dos G7 representa “uma vitória significativa” para a segurança da Ucrânia.

"A delegação ucraniana traz para casa uma vitória importante para a segurança do nosso país, do nosso povo e das nossas crianças", disse Zelensky.

Volodymyr Zelensky considera que esta cimeira foi um “sucesso” e foi demonstrado um “apoio sem precedentes”, embora não tenha recebido um convite formal ou um calendário para a entrada na Ucrânia na NATO, como exigia.

Na terça-feira, enquanto viajava a caminho de Vilnius, o presidente ucraniano disse ser “absurdo” omitir um prazo para a entrada na Aliança, mas Zelensky adotou uma nova postura esta quarta-feira.

Embora saliente que um convite para a entrada na Aliança tivesse sido “ideal”, Zelensky diz ser “compreensível” que a Ucrânia não entre agora na NATO.

“Percebemos que tenham medo de falar da nossa adesão à NATO neste momento, porque ninguém quer que aconteça uma guerra mundial”, disse Volodymyr Zelensky durante uma conferência de imprensa ao lado do secretário-geral da Aliança Atlântica.

“Somos pessoas civilizadas e percebemos que não podemos pertencer à NATO enquanto estivermos no decorrer de uma guerra. Isto é claro”, acrescentou.

O presidente ucraniano disse, porém, estar confiante na entrada na Aliança depois da guerra. "Estou confiante que depois da guerra a Ucrânia será membro da NATO. Faremos todos os possíveis para que isso aconteça".
Ucrânia mais perto, mas só entra para a NATO quando a guerra acabar
Ficou claro para a Ucrânia nesta cimeira que entrará para a Aliança Atlântica, mas tal só acontecerá quando o conflito com a Rússia terminar.

Essa ideia foi tornada clara pelo secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que afirmou que a Ucrânia vai ser convidada para integrar a organização “quando os Aliados assim decidirem e quando as condições estiverem reunidas”.

Stoltenberg insistiu, no entanto, nos dois dias da cimeira que a Ucrânia está “mais perto do que nunca” da Aliança.

“A Ucrânia está mais próxima da NATO do que nunca", disse o secretário-geral da NATO esta quarta-feira, acrescentando que os "aliados reafirmaram que a Ucrânia se tornará membro da Aliança e acordaram remover os requisitos para a adesão".

“Iremos lançar o convite para que a Ucrânia se junte à NATO quando os aliados concordarem que as condições estão preenchidas”, referiu ainda, frisando que esta "é uma mensagem de união, forte, no caminho para que a Ucrânia se torne membro" da Aliança.
Zelensky volta a pedir mais armas
O presidente ucraniano voltou a pedir mais armas de longo alcance durante a cimeira.

Esta quarta-feira, Zelensky manteve reuniões bilaterais com os Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Reino Unido, Japão e Países Baixos à margem do segundo dia da cimeira para garantir mais armas para a sua contraofensiva.

A Alemanha cedeu ao pedido, mas o Reino Unido criticou o pedido de Zelensky e a sua “ingratidão”.

O ministro britânico da Defesa, Ben Wallace, disse que o Reino Unido e os EUA “não são a Amazon”
e pediu ao presidente ucraniano que mostre mais “gratidão” pelos milhões de dólares que os aliados estão a enviar em sistemas de armas a Kiev.

Questionado sobre estas declarações, Zelensky disse que não percebeu o que Wallace quis dizer e esclareceu que a Ucrânia “sempre agradeceu ao Reino Unido”.

Sobre as bombas de fragmentação, Zelensky reconheceu que há discordância dentro da NATO sobre a disponibilização pelos Estados Unidos, mas apontou que "tem de haver justiça", já que a Rússia também as utiliza.

"Sei que há pessoas que não partilham deste apoio, mas queria que olhássemos para isto de uma perspetiva de justiça. A Rússia utilizou sempre estas munições nos nossos territórios, estão a matar as nossas pessoas com elas, no nosso território que ocuparam", sustentou Volodymyr Zelensky.

"Tem de haver justiça e não é justo que o agressor que está a ocupar o nosso território as utilize", completou.

O presidente ucraniano agradeceu aos EUA o envio e prometeu que estas bombas apenas seriam utilizadas "contra militares" da Rússia dentro do território ocupado da Ucrânia.

c/agências
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