Biden ordena revisão de políticas de imigração e tenta reunir famílias separadas

por Andreia Martins - RTP
O novo Presidente dos EUA quer uma revisão "de cima para baixo dos recentes regulamentos, políticas ou diretrizes que ergueram barreiras ao sistema de imigração legal”. Tom Brenner - Reuters

É o primeiro passo para "limpar a mancha na reputação" dos Estados Unidos. O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou três ordens executivas com o objetivo de reunir famílias separadas durante a Administração Trump e encetar uma revisão profunda das políticas de imigração do antecessor.

Ao tentar impedir a imigração ilegal, o ex-Presidente Donald Trump ordenou a separação de adultos indocumentados de crianças na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Entre 2017 e 2018, pelo menos 5.500 crianças foram separadas dos adultos com que viajavam, numa política de “tolerância zero”.

Não será tarefa fácil reunir estas famílias separadas. Ainda que a política de separação tenha sido anulada em junho de 2018, após a divulgação de imagens de crianças colocadas em gaiolas depois de terem sido separadas à força dos seus pais, há mais de 600 crianças que continuam em território norte-americano em centros de menores ou em famílias de acolhimento, uma vez que as famílias ou os pais não foram localizados.

Na altura, muitos dos adultos acusados de entrarem ilegalmente do país foram julgados pela via penal e outros foram mesmo repatriados sem que as respetivas famílias fossem reunificadas.

Agora, as ordens executivas de Joe Biden vão tentar reunificar essas crianças que continuam separadas das suas famílias. Também a administração democrata do ex-Presidente Barack Obama – em que Joe Biden atuou como vice-presidente – foi responsável pela separação de adultos e crianças ao longo da fronteira, ainda que mais raramente e em menor quantidade.

A ordem executiva agora assinada tem como objetivo criar uma task force que vai supervisionar a reunificação de famílias, sob a liderança do recém-confirmado secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, o primeiro latino-americano e imigrante a ocupar o cargo.

Joe Biden quer que a Interagency Task Force on the Reunification of Families "limpe a mancha na nossa reputação pelo que estas separações causaram".

“Vamos trabalhar para desfazer a vergonha moral e nacional da anterior Administração que, literalmente, arrancou as crianças dos braços das suas famílias, dos pais e das mães, na fronteira, sem qualquer plano de os reunificar com as crianças”, afirmou Joe Biden ao assinar a ordem executiva específica sobre a equipa que vai trabalhar para reunir de novo estas famílias.
Fim dos testes de riqueza e apoio a países de origem

As outras duas ordens executivas, assinadas também na terça-feira, ordenam a revisão profunda das políticas de imigração adotadas por Donald Trump que reduziram a concessão de asilo, desaceleraram a imigração legal para o país e cancelaram o financiamento para países terceiros de onde chegam grande parte destes migrantes. 

Joe Biden pretende, com as novas políticas de imigração, facilitar a regularização da situação de cerca de 11 milhões de imigrantes sem documentos que vivem no país. A nova Administração assume preocupação acrescida com a situação dos “dreamers” (sonhadores), imigrantes que foram levados para os Estados Unidos pelos pais quando eram menores de idade.

O Presidente pretende também a "revisão de cima para baixo dos recentes regulamentos, políticas ou diretrizes que ergueram barreiras ao sistema de imigração legal” dos Estados Unidos.

Uma das medidas a ser revista com urgência é da “regra da cobrança pública”, implementada em agosto de 2019, que prevê a rejeição de um visto de residência permanente ou de cidadania a quem recebe algum tipo de assistência social, o que é na prática um ‘teste de riqueza’ para os imigrantes.

De igual forma, o novo Presidente dos Estados Unidos, na Casa Branca há precisamente duas semanas, pretende também trabalhar com alguns dos países vizinhos da América Central para ajudar a resolver os problemas socioeconómicos locais que levam muitas famílias a procurar imigrar. O apoio a estes países foi suspenso durante o mantato de Donald Trump.
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